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Homenageado em Gramado, Rodrigo Santoro reflete sua jornada no cinema

Rodrigo Santoro recebeu o tradicional Kikito de Cristal no 53º Festival de Cinema de Gramado; ele ainda está no elenco de 'O Último Azul', filme de abertura do evento

Por Andre Guerra

Santoro com seu Kikito de Cristal em uma mão e, na outra, a estatueta que será entregue ao próximo homenageado

Astro de carreira nacional e internacional mais do que consolidada e prestes a completar 50 anos (nesta sexta-feira, 22), Rodrigo Santoro foi o escolhido para receber o Kikito de Cristal da 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que ocorre na Serra Gaúcha desde 13 de agosto e segue até o dia 24. Presente no elenco de O Último Azul, longa do pernambucano Gabriel Mascaro que abriu o evento este ano, o ator carioca se emocionou diversas vezes enquanto refletia sua celebrada trajetória no cinema.

O troféu foi entregue na noite de abertura do festival, ocorrendo pela primeira vez antes do tradicional ritual em que o homenageado participa da feitura do Kikito de Cristal que será concedido ao próximo escolhido para recebê-lo. A troca de ordem, feita em função da agenda apertada dele, rendeu um momento especial ocorrido na fábrica/loja Cristais de Gramado, no qual Rodrigo segurou ao mesmo tempo o seu prêmio e o que será entregue na edição do ano que vem.

O Kikito de Cristal é conhecido por ser o único grande troféu do qual os premiados participam do processo de construção. Em 2024, a produtora de cinema e antiga diretora executiva do Festival de Berlim, a holandesa Mariëtte Rissenbeek, foi homenageada — o que significa que a estatueta de Rodrigo foi prensada por ela no ano passado, no mesmo processo.

Na conversa com a imprensa, logo depois da feitura do Kikito, o astro relembrou os pontos mais significativos de sua filmografia, destacando a paixão pela produção brasileira e por papéis que desafiassem suas possibilidades e estigmas. "Não separo minha carreira nacional do que fiz fora do Brasil. Muita gente pensa, inclusive, que eu me mudei para o exterior, mas na verdade nunca fui embora. Eu viajei para fazer os meus trabalhos e sempre voltava para cá", afirmou.

Sua grande estreia com o clássico Bicho de Sete Cabeças (2000) de Laís Bodanzky, foi frequentemente citada por ele como um ponto de virada profissional que o levou não apenas a outros grandes e desafiadores papéis no Brasil (como Abril Despedaçado, de Walter Salles, e Carandiru, de Hector Babenco), mas também se tornou vitrine para projetos internacionais que se desdobrariam a partir dali.

"Quando Bicho de Sete Cabeças foi exibido em um festival internacional, um diretor chamado Robert Allan Ackerman me convidou para um teste em Los Angeles, e foi quando fui escalado para fazer uma participação no filme The Roman Spring of Mrs. Stone, que acabou não tendo um lançamento no Brasil, mas que é protagonizado pela gigante Helen Mirren", contou Rodrigo.

Acumulando os famosos trabalhos em Simplesmente Amor300Golpe Duplo e o remake Ben-Hur, entre tantos outros, Santoro abraço com convição até os menores dos papéis. Durante o bate-papo exclusivo com o Viver, após a estreia de O Último Azul, seu mais recente trabalho e no qual sua participação é breve, ele apontou que vai atrás dos nomes de artistas que lhe impactaram com suas obras para trabalhar junto.

"Desde que vi Boi Neon fiquei com vontade de trabalhar com Gabriel, assim como tenho vontade de trabalhar com Kleber Mendonça e outros diretores pernambucanos que admiro tanto. Sempre faço isto: vou em busca daquelas pessoas de quem gosto do trabalho e que me comovem", salientou. "Esse personagem do Cadu em O Último Azul é breve, mas me deixou completamente impactado pela temática de como nós lidamos com o corpo idoso. É um filme sobre a pulsão de vida e sobre ressignificá-la".

Protagonizado por Denise Weinberg, como uma mulher de 77 anos que está prestes a ser enviada pelo governo para uma colônia forçada de idosos e decide fugir para realizar um último sonho no meio da Amazônia, O Último Azul (cuja estreia comercial está marcada para o dia 28 de agosto) raz um Rodrigo Santoro tão pontual quanto profundamente significativo para os rumos da personagem e do universo proposto por Mascaro. Uma bonita e merecida homenagem a um ator consciente da importância de cada um de seus papéis e que valoriza, acima de tudo, a sua brasilidade.