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Mostra transforma histórias de vida em cordel e xilogravura

Chega ao Recife, no Cais do Sertão, a exposição 'Vidas em Cordel', que já atraiu mais de 80 mil pessoas em cinco estados

Por Diario de Pernambuco

DiMelo_por Edna

Promovida pelo Museu da Pessoa, a exposição gratuita 'Vidas em Cordel' chega ao Recife a partir desta sexta-feira (15) e ficará disponível até 15 de dezembro na sala Todo Gonzaga, no 2ª andar do Centro Cultural Cais do Sertão (Recife Antigo).

A mostra já atraiu mais de 80 mil pessoas presencialmente e outras 190 mil online E busca costurar a literatura popular ao ofício da xilogravura para retratar, em versos e imagens, indivíduos célebres ou anônimos cujas trajetórias incríveis ressoam e dignificam a pluralidade da cultura, do pensamento e do modo de ser do brasileiro.

A edição sediada em Pernambuco mantém a tônica de incorporar nomes locais ao conjunto de histórias retratadas anteriormente — como Ailton Krenak, com 'O Rio da Memória', e Krystyna Drosdowicz, com 'A Guerrilheira que Enganou os Nazistas' — e adiciona à exposição quatro expoentes do estado: o educador e patrono da educação brasileira, Paulo Freire (1921-1997), o músico, poeta, compositor, cantor e escultor Di Melo, o Imorrível, a coquista e patrimônio vivo Ana Lúcia do Coco e uma das principais responsáveis pela preservação e difusão dos cordéis no Brasil, a editora Aninha Ferraz, da editora Coqueiro.

O quarteto tem histórias de vida transformadas em cordel pelas palavras de um grupo de artistas com relevo junto à literatura popular: os pernambucanos Jorge Filó, poeta, Susana Morais, cordelista, e Isabelly Moreira, poetisa - trinca acompanhada pelo professor Marco Haurélio e o contador de histórias e escritor Jonas Samaúma, ambos do trio de curadores da mostra.

As xilogravuras são assinadas pela artesã Maria Edna da Silva, oficineira Catarina Dantas, pelo artista plástico e ícone dos quadrinhos Jô Oliveira e pelo multiartista Valdeck de Garanhuns, todos do estado, além da xilogravadora, pesquisadora em cultura popular e curadora da exposição Lucélia Borges. O time de artistas locais se junta a dezena de colegas de outros pontos do país integrados à exposição em dois anos de itinerância - completados agora, com a edição em Pernambuco.

A primeira oficina oferecida pela exposição e aberta ao público será 'História Gravada', no dia 16, das 13h às 16h, ministrada por Lucélia Borges. A atividade propõe uma introdução à técnica milenar de criação e reprodução de imagem na madeira - a xilogravura -, com foco na imagética dos contos da tradição oral e elementos que dialogam com o imaginário presente nas histórias de vidas da exposição. Serão trabalhados aspectos da história da xilo, manuseio das ferramentas e processo criativo. Voltada para o público em geral, a partir dos 14 anos de idade, com inscrições por formulário disponibilizado na bilheteria do Cais.

“Toda história de vida importa e todas as histórias são verdadeiros patrimônios da humanidade, já que são únicas e insubstituíveis. Da mesma forma, a literatura de cordel é reconhecida patrimônio imaterial. A ideia de juntar as duas coisas é mostrar não só que a história de cada um de nós poderia ser retratada numa obra literária — é mágica, por mais cotidiana que seja — como também encarar a ideia de que a literatura de cordel é tão valiosa como outras formas de literatura, e não uma literatura menor, assim como as histórias de vida não podem ser vistas como menos importantes que uma história oficial”, observa o diretor de museologia do Museu da Pessoa, Lucas Lara.

A escolha dos nomes em Pernambuco, diz ele, concilia linguagens distintas das artes para traduzir a diversidade e a importância do estado para o Brasil e criar laços com o público visitante. “As pessoas veem gente da localidade e, como boa parte está viva, podem conversar com elas, conhecer mais das suas trajetórias, e elas se sentem prestigiadas por ver a própria narrativa retratada em uma exposição. A memória coletiva pode ensinar, impactar e transformar”, acrescenta.

SERVIÇO:
'Vidas em Cordel', do Museu da Pessoa
De 15 de agosto* a 15 de dezembro, com visitação das 10h às 16h (de terça a sexta) e das 11h às 17h (sábados e domingos)
Lançamento: às 14h do dia 15 e aberto ao público
Centro Cultural Cais do Sertão (Avenida Alfredo Lisboa, s/n, Recife Antigo)
Acesso gratuito