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Ivan Lins apresenta show comemorativo de 80 anos no Teatro Guararapes

Mais novo octogenário da música brasileira, o cantor e compositor Ivan Lins se apresenta neste sábado no Teatro Guararapes, celebrando seus 80 anos em plena forma com o público pernambucano

Por Allan Lopes

IIvan Lins traz turnê comemorativa dos seus 80 anos para o Teatro Guararapes

Entre os grandes mestres da MPB surgidos nos anos 1960 e 70, Ivan Lins estava entre os poucos que ainda não havia se tornado octogenário até junho último, quando se uniu a seus pares históricos. Nesse mesmo mês, ele recebeu o Grammy Latino de Excelência Musical 2025, validando o que fãs já sabiam há décadas. Em plena forma criativa, o consagrado artista celebra esta nova fase com o show Ivan Lins 80 Anos, neste sábado, às 21h, no Teatro Guararapes, em Olinda.


Junto ao filho Cláudio, que assina a direção artística, Ivan enfrentou o delicioso desafio de garimpar 25 músicas entre as centenas de sucessos que caberiam nas duas horas de show, sem deixar de lado as preciosas histórias que entrelaçam seu repertório. “São 80 anos de vida e 55 de carreira. É muita coisa acumulada”, diz o artista, entre risadas, durante um bate-papo descontraído em coletiva de imprensa.


Quando se trata de Ivan Lins, algumas pérolas são simplesmente indispensáveis. Na setlist, brilham com especial intensidade clássicos como Vitoriosa, Lembra de Mim e a inesquecível Madalena, esta última eternizada pela voz magistral de Elis Regina no álbum Ela (1971). “Optamos por destacar o lado lírico, amoroso e esperançoso do meu trabalho”, explica. Por outro lado, também traz canções que denunciam a intolerância e a violência, como Meninos de Gaza, composta em parceria com Simone Guimarães, e Aos Nossos Filhos, cuja versão definitiva também é de Elis no disco Saudade do Brasil (1980).


Em tempos que streams e algoritmos dominam a cena musical, o cantor carioca defende a magia dos encontros ao vivo. “Cantar e ver a plateia me acompanhar é o meu Éden”, conta. O prazer maior, segundo ele, está nessa cumplicidade entre artista e público. “Tenho muito medo da solidão, e por isso gosto de repartir tudo o que criei”, destaca. Ao longo da carreira, Ivan nunca esteve sozinho, contando com parceiros como Ronaldo Monteiro de Souza e Vítor Martins, que trouxe o universo mais “interiorano” para Ivan, além de Paulo César Pinheiro, Celso Viáfora e Chico Buarque.


A paixão pelos palcos ganha contornos ainda mais especiais em Pernambuco, onde as memórias se multiplicam. Uma história particularmente curiosa vem do Teatro Santa Isabel. Na véspera de sua apresentação, assistia ao show de Paulinho da Viola quando, inesperadamente, o som de uma Rádio FM vizinha invadiu pelos alto-falantes da plateia com a voz de Maria Bethânia. “Paulinho precisou interromper o espetáculo e esperar a música terminar. O público, claro, aproveitou para cantar junto com ela. Uma cena engraçadíssima”, recorda, com um sorriso no rosto.


Para o cantor, cada apresentação em terras pernambucanas é como mergulhar em um oceano de intensidade, tão profundo quanto as suas próprias canções. Uma sintonia que explica por que ele insiste em voltar. ”É um lugar que considero fundamental, talvez até o mais essencial do Nordeste para mim”, revela. No Guararapes, Pernambuco vai retribuir esse carinho em cada uma das 25 melodias.