Mãe de Beatriz diz que companheira de acusado afirmou saber da autoria do crime desde o início
A mulher teria dito em seu primeiro depoimento que Marcelo da Silva confessou a ela o crime. Ela, entretanto, teria mudado a versão em segundo depoimento
A ex-vereadora e ex-secretária estadual de Justiça e Direitos Lucinha Mota, mãe da menina Beatriz, criança de sete anos assassinada dentro de escola em Petrolina, no Sertão, afirma que uma mulher que mantinha relacionamento com o acusado Marcelo da Silva sabia que ele era o autor do crime desde o início. Segundo Lucinha, a mulher disse em depoimento que Marcelo confessou a ela a autoria do crime.
A mãe de Beatriz conta que a informação foi obtida a partir da perícia realizada pela polícia para identificar com quem o suspeito tinha falado na noite do crime. Imagens mostravam o homem apontado como autor do crime em um telefonema.
"Essa perícia resultou em alguns números que foram identificados, e se chegou até a namorada dele. No primeiro depoimento, ela afirma que eles foram até um bar, sentaram em uma mesa, saíram, e ele confidenciou a ela que teria tirado a vida de Beatriz", conta ao Diario de Pernambuco. Apesar de se referir à mulher como namorada do suspeito, Lucinha diz que se trataria de um relacionamento extraconjugal.
A mulher, entretanto, teria mudado a versão em seu segundo depoimento, alegando ter sido obrigada a falar. "Ela já estava com o advogado de defesa dele [de Marcelo] atuando, provavelmente foi orientada a voltar atrás no que tinha dito. Mas no primeiro depoimento, ela conta tudo com detalhes", acrescenta a ex-secretária. Ela diz que não pode dar maiores detalhes, como a identidade da mulher, por ter assinado um termo de responsabilidade.
"Eu fiquei perplexa porque uma mulher, uma mãe, tinha certeza de um crime tão bárbaro, sabia que a família estava lutando para chegar à identidade dele, e não colaborou absolutamente com nada", lamenta Lucinha. O crime ocorreu em dezembro de 2015, mas Marcelo só foi apontado como autor pela polícia em janeiro de 2022.
Marcelo confessou ter matado Beatriz após a Polícia Civil identificá-lo. Posteriormente, um advogado assumiu a defesa dele e apresentou uma carta em que o acusado dizia ter sido pressionado a confessar o assassinato.
Brasília
Na última semana, a defesa de Marcelo da Silva apresentou um recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de impedir o júri popular. Na mesma semana, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou embargos de declaração da defesa.
Lucinha Mota avalia fazer um protesto em Brasília no início de 2026 para cobrar o trânsito em julgado do processo.
"A nossa missão é fazer com que tramite o mais rápido possível, tanto no STJ quanto no STF. Eu tenho certeza que não passa do ano que vem", diz. "O Judiciário entra em recesso agora e deve retornar na quinzena de janeiro. A partir da quinzena de janeiro eu começo a me organizar para ir a Brasília, para que o processo tramite o mais rápido possível".
O assassinato
Beatriz Angélica Mota foi morta a facadas durante festa de formatura em um colégio privado em Petrolina, no Sertão, em 10 de setembro de 2015.
Ela havia saído de perto dos pais para beber água e não mais retornou. O corpo foi encontrado em um depósito de material esportivo.
A Polícia Civil chegou até Marcelo a partir de exames de DNA na faca usada no crime.