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"Empresas precisam ter responsabilidade maior", diz João Campos sobre acidentes de moto no Recife

Para o prefeito João Campos (PSB), a situação de crescente número de sinistros tende a se tonar um "grande problema de saúde pública"

Por Diario de Pernambuco

O prefeito João Campos.

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), comentou durante entrevista exclusiva ao Diario de Pernambuco, nesta sexta-feira (12), sobre o cenário de aumento de sinistros de moto na capital. O gestor defendeu a criação de uma solução consensual nacionalmente, cobrou responsabilidade das empresas e disse estar pautando a discussão para que não se repita em outras cidades a derrota judicial sofrida pela Prefeitura de São Paulo.

“O gargalo disso não será na mobilidade. Isso tende a ser um grande problema de saúde pública. Por isso, tem que sentar a Saúde com a área de Transportes e buscar uma solução conjunta”, propõe ele.

Segundo boletim deste ano do Comitê Municipal de Redução de Acidentes de Trânsito do Recife (Compat), houve um aumento de 56,8% no número de vítimas de transporte terrestre na cidade em 2024 (2446 pessoas) na comparação com 2023 (1560). Do total de vítimas em 2024, 71,55% utilizavam motocicleta. O segundo meio, a pé, representou 14,43% das vítimas.

Protocolo

De acordo com o prefeito, foi definida em reunião com a plataforma 99 a construção de um protocolo para registrar "infratores de moto" e impedi-los de se credenciar na plataforma.

"A gente está cruzando os dados para fazer intervenções viárias nas áreas de maior sinistro. Eu vou priorizar requalificação de via e ordenamento de fluxo em áreas de maior sinistro", acrescenta.

O prefeito também defende uma maior formação de segurança viária para os motociclistas de aplicativo.
"É fundamental juntar um tripé nacional de organização, que é o funcionamento das plataformas e quais são os deveres e responsabilidades que elas têm", complementa o gestor.

"Não dá para ser no litígio", ele continua. "Se São Paulo, que é a maior cidade do Brasil, perdeu uma briga judicial, imagina outras cidades. Agora, eu não tenho nenhuma dúvida que a gente precisa chegar a uma equação de funcionamento". O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) invalidou decreto municipal que suspendia a atividade econômica de transporte de passageiros por motocicletas.

"Eu acredito que isso deveria ser feito a nível nacional. As empresas que trabalham com isso precisam ter um nível de responsabilidade maior com a saúde pública", continua. "Agora, em alguns locais você tem restrição nos grandes centros urbanos".

Proposição

João Campos afirmou ainda que esse é um tema que levará à Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP). "A gente está pautando isso e levando para uma discussão maior, porque qualquer cidade que for enfrentar isso sozinho pode ter uma grande ideia, mas a chance de perder essa grande ideia é grande".

O prefeito também afirma já ter tratado do tema com o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).

O gestor relata ainda ter conversado com representante da chinesa 99 sobre o funcionamento de transporte por motos no país asiático. "Eu perguntei. 'Como é na China?’, [Responderam] 'Não, na China é proibido.' Então na China não tem o transporte de moto, mas tem no Brasil. Isso mostra que tem que ser discutido".

Em novembro, o prefeito comemorou a chegada do 99Food à capital. “Isso significa um investimento da marca de R$ 100 milhões que vai gerar muito emprego e renda na nossa cidade”, escreveu em publicação ao lado do CEO da 99, Simeng Wong.

No evento de anúncio do serviço de delivery de comida na capital, o diretor sênior de comunicação da 99, Bruno Rossini, destacou a criação de 32 mil empregos. "Quando você tem 32 mil motociclistas que se juntam ao serviço, que antes não estavam, isso indica que existe muita demanda".