Preso por tentativa de feminicídio, secretário de Calumbi disse que 'desconhecia a existência do porrete' em depoimento
Numeriano Luiz de Sá disse que a mulher teria se machucado ao cair em um episódio de surto
O sargento reformado da Polícia Militar de Pernambuco e secretário de Esportes e Lazer de Calumbi, no Sertão pernambucano, Numeriano Luiz de Sá, de 64 anos, afirmou em depoimento à Polícia Civil, que “desconhecia a existência do porrete”, apontado como a arma do crime.
O caso aconteceu na manhã da terça-feira (9), em um apartamento na Rua da Aurora, em Santo Amaro, no Centro do Recife. A vítima foi socorrida por vizinhos que ouviram os gritos e pedidos de ajuda. A mulher apresentou fraturas no rosto e precisou passar por cirurgia. Ela está hospitalizada no Hospital Português, no Paissandu.
Numeriano é suspeito de ter usado o porrete para agredir a mulher, que faz tratamento de câncer. No entanto, em depoimento, obtido pelo Diario de Pernambuco, ele afirmou que “nunca havia visto o objeto antes e não sabe explicar sua origem”, disse que “nunca manuseou, utilizou ou sequer pegou no referido porrete”.
O secretário alegou, também, que os policiais militares foram os primeiros a entrar no apartamento, tendo apreendido “apenas a arma de fogo, tendo o porrete surgido apenas em momento posterior”. À polícia, Numeriano autorizou a coleta de material genético para realizar exame comparativo para “ratificar seu posicionamento acerca do porrete”.
Questionado sobre o motivo que levaria a esposa a afirmar que ele teria sido o responsável por agredi-la com uma paulada, Numeriano disse acreditar que ela possa ter apresentado um surto, considerando o estado emocional e comportamental dela.
Quedas
Em depoimento, Numeriano alegou que a esposa teve um “episódio de surto” e que as lesões se trataram de quedas sucessivas “decorrentes de desorientação e fragilidade física”.
De acordo com ele, a mulher teria tentado pegar um comprimido, que caiu embaixo da geladeira, quando caiu. Segundo Numeriano, ele teria se aproximado para ajudá-la a se levantar, mas, “por estar desequilibrada, ela caiu novamente, desta vez para trás, batendo a cabeça no lixeiro de alumínio”, diz o depoimento. O secretário afirmou que tentou segurar a esposa, no entanto, escorregou no sangue e eles caíram, na queda, ela bateu a cabeça em um móvel de madeira entre o fogão e a pia.
Numeriano contou que tentou ajudá-la a se levantar, “mas ela estava desorientada e não conseguia firmar-se. Nesse momento, ela passou a gritar insistentemente por socorro”.
Para a defesa de Numeriano, as acusações são “completamente inverídicas”. Ao Diario, a advogada do suspeito, Adriany Neves, afirmou que está “reunindo provas concretas e aguardando o resultado de laudo pericial que está sendo feito no instrumento"