° / °
Cadernos Blogs Colunas Rádios Serviços Portais

Do sumiço até a morte: como foram os últimos momentos de Esther, segundo a polícia

A Polícia Civil explicou, durante coletiva, nesta sexta (5), como foram os últimos momentos de Esther Isabelly Pereira, de 4 anos, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife. Duas pessoas foram indiciadas no caso

Por Mareu Araújo

Corpo de Esther foi achado nessa terça (21)

A Polícia Civil explicou, durante coletiva, nesta sexta (5), como foram os últimos momentos de Esther Isabelly Pereira, de 4 anos. A garota foi encontrada morta em uma cacimba, perto de casa no bairro do Pixete, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife.

Duas pessoas foram indiciadas por envolvimento no caso: Fernando Brito, de 31 anos, por homicídio e ocultação de cadáver, e Uilma Ferreira, de 33 anos, ex-companheira dele, por ocultação de cadáver. O crime, que teve repercussão em todo o estado, aconteceu no dia 20 de outubro deste ano.

Na coletiva, na sede da polícia, no Recife, a delegada Juliana Bernat, detalhou como tudo aconteceu.
Entenda a cronologia do caso

Por volta das 16h30, os irmãos de Esther, todos pequenos, pedem para ir jogar futebol no campo do Botafogo, perto da casa da família da menina. A menina pede para ir também. A princípio, a mãe não deixa. Mas a garota insiste, recebendo a autorização.

Nesse momento, Fernando estava na casa de Esther, segundo a polícia, bebendo com a mãe dela.
Pouco tempo depois, disse a delegada, Fernando deixou a residência da família de Esther. A delegada informou que ele disse que iria comprar cerveja.

Por volta das 17h30, a mãe percebe que Esther ainda não havia voltado do campinho e vai até o local. “E os filhos, apesar de menores, explicaram”, observou a delegada. “Eles apontam a casa onde morava Fernando. Eles (familiares e vizinhos) entraram na casa. A mãe pediu ao próprio Fernando para entrar. Isso já por volta das 18h”, comentou a delegada.

Nesse horário Fabiano Lima, de 27 anos, outro homem que foi preso por suspeita de ocultação de cadáver, chegou ao local. Ele mora em uma casa que fica no mesmo terreno da residência de Fernando. Segundo a Polícia Civil, não foram obtidas provas para comprovar que Fabiano, de fato, tenha participado da ocultação de cadáver de Esther. Agora, caberá ao Ministério Público de Pernambuco pedir pela manutenção da prisão ou não de Fabiano.

Fabiano permite a entrada das pessoas que procuravam Esther. “Fernando estava pelado, no momento em que algumas testemunhas chegaram lá. Ele estava com uma companhia feminina dentro do quarto. De forma agressiva, Fernando disse que a menina não estava lá”, afirmou Bernat.

A investigação ouviu 15 pessoas. Testemunhas disseram que chegaram a procurar a menina na cacimba, mas que, num primeiro momento, não acharam.

“Olharam a casa e olharam tudo. A casa estava bem revirada, bastante bagunçada. Olharam a cacimba. Nessa hora, ele e Uilma começaram a se desfazer dos móveis, do sofá, da cama”. Uma das testemunhas, segundo Bernat, relatou ter recebido de Uilma, por volta das 19h, a oferta de uma geladeira.
“Começaram a quebrar a casa com os protestos. Enfim, Fernando vai embora, vai para a casa da mãe”, contou a delegada.

Dia seguinte

Na manhã seguinte ao desaparecimento, o corpo de Esther foi encontrado na cacimba, de cabeça para baixo, dentro da água. “Em razão de o corpo começar a entrar em fase de decomposição, começa a emergir, que foi quando viram o pezinho dela. A força-tarefa (montada para fazer as investigações), naquele momento, fez a prisão de Fernando e Fabiano, que eram os moradores da casa”, afirmou.
A partir dali começou a investigação do homicídio. “Fernando e Fabiano são os primeiros interrogados.

Cada um apresentou sua versão. E aí a gente começa a ouvir todas aquelas pessoas que estavam naquela noite. Os depoimentos contribuem”, informou a delegada.


Juliana Bernat ressalta a questão dos horários citados pelos dois homens. “Um fala que é às 18h, ou outro às 17h. Ficou aquela coisa um pouco sombria, mas a gente sabia que alguma coisa ali estava errada”, disse.

Outro ponto que chamou a atenção da investigação foi que o proprietário da casa queria expulsar Fernando há dois meses. “E ele enrolando, enrolando, não querendo ir embora. Então, no dia do desaparecimento do homicídio de Esther, ele resolve ir embora”, pontuou.

Laudo

Um dos problemas enfrentados pela investigação foi o fato de Uilma ter lavado o quarto. Para isso, contou até com a ajuda de Fabiano. “Depois da colheita dos depoimentos, vieram os resultados das perícias que foram feitas no dia do crime. E foi aí que a nossa investigação realmente começou a andar. Em primeiro lugar, chegou o laudo da menina”,informou a delegada.


Ainda conforme Juliana Barnat, não houve lesão sexual. “Não houve de estupro, o ato de consumação. Então, não havia lesões nem vaginal, nem anal. A menina estava íntegra”, declarou.

A policial ressaltou que a morte da menina foi em razão de um traumatismo craniano.
Depois desse laudo, a polícia começou a procurar sangue na casa, para saber onde, de fato, o homicídio tinha acontecido.

“Apesar dos destroços do quarto de Fernando, a gente encontrou sangue no piso, uma mancha de mão em uma parede e outra mancha em outra”, relatou Barnat. Segundo ela, foi possível encontrar o DNA de Esther dentro do quarto. “Foi o que realmente materializou toda nossa a nossa investigação. Ali estava a nossa prova cabal”.
Em seguida, a delegada disse que partiu para interrogar Fernando outra vez.

Novo interrogatório

A delegada disse que Fernando deu uma versão diferente da primeira. Na primeira versão, ele disse que, entre 16h30 e 18h30, foi para a casa da mãe, que é o horário sumiço e, para a PCPE, do homicídio.
Na nova versão, Fernando declarou que foi comprar cerveja, encontrou uma mulher e a levou para sua casa para terem relações sexuais. “E é aí que os depoimentos batem. Porque quando a família entrou na casa dele para procurar Esther, relataram que ele estava pelado e sendo agressivo”, contou a delegada. “A gente já vê a contradição dele exatamente no momento do crime na hora do sumiço”.

Telefonemas

A delegada Juliana Barnat disse que, além de 15 laudos periciais, conseguiu extrair informações de telefonemas e mensagens.

“No dia seguinte à morte de Esther, houve uma outra situação que me chamou muita atenção. Uilma e Fabiano conversavam pelo WhatsApp. Por volta das 9h, Uilma entrou em contato com Fabiano e disse que havia recebido a informação de que teriam levado Esther em um ônibus para Casa Amarela, na Zona Norte do Recife”, contou Bernet.

A delegada relatou, ainda, que Uilma tentou mostrar para Fabiano que a pessoa havia informado os detalhes da menina, supostamente levada de ônibus. Uilma também disse, segundo a delegada, que “tinha certeza de que a menina não estaria em São Lourenço da Mata”.

“Uilma planta essa história, mentirosa, para Fabiano. Horas depois, o corpo de Esther foi encontrado na Cacimba. E aí depois Fabiano fica tentando ligar para a Uilma diversas vezes, que o bloqueia”.

Motivo

A delegada afirmou, na entrevista, que “tudo foi esclarecido”, exceto a motivação do crime. "Fernando tinha um histórico de agressividade, já agrediu a Uilma algumas vezes. Tinha um histórico de usar drogas. Quando ele usava e ingeria bebida alcoólica, ele ficava completamente transtornado e muito agressivo. Então, já é mais um indício”, afirmou a delegada