Presente em um terço da população pernambucana, sobrenome "Silva" se torna orgulho
Maria José Marques da Silva de 62 anos, reúne os três líderes do ranking nacional: Maria, José e Silva
Um em cada três pernambucanos tem o sobrenome “Silva”. É o que mostra o novo levantamento “Nomes no Brasil”, divulgado nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o estudo, 34,23% da população do estado carrega o Silva na identidade.
O dado, que confirma a força de um dos sobrenomes mais antigos e populares do país, ganha ainda mais vida nas ruas do Recife. Basta uma caminhada pelo bairro de Santo Amaro, na área central da cidade, para comprovar o que o Censo 2022 revelou: o Silva está em todo lugar.
Foi no Expresso Recife de Santo Amaro, que o Diario de Pernambuco encontrou diferentes histórias de pessoas que carregam esse sobrenome. Nenhuma delas se conhecia, mas todas tinham em comum o mesmo símbolo de origem e identidade: ser Silva.
“Antigamente, eu tinha vergonha de dizer que meu nome era Maria”
Entre os entrevistados, Maria José Marques da Silva, 62 anos, é quase uma síntese do levantamento do IBGE. Seu nome reúne os três líderes do ranking nacional: Maria, José e Silva. “Antigamente, eu tinha vergonha de dizer que meu nome era Maria. Hoje não mais” Casada há mais de 40 anos, ela explica que o Silva veio do marido. “Na época era obrigatório adotar o sobrenome do esposo. Eu era Maria José da Conceição e fiquei Maria José Marques da Silva. E o Silva ficou pra sempre.”
Segundo o IBGE, no Brasil há 12,2 milhões de pessoas chamadas Maria, 5,1 milhões de Josés e 34 milhões com o sobrenome Silva, o equivalente a quase 17% da população brasileira.
Para José Petrúcio da Silva, 58 anos, esposo de Maria José o sobrenome é um elo de família. “Herdei da minha mãe. Toda a família dela é Silva. Tenho 15 irmãos, e todos, têm Silva também”, conta. “Fico feliz de fazer parte dessa história, porque é o nome da minha origem.”
Já o jovem José Armando Alves da Silva, 23 anos, lembra que o nome do pai carrega a herança. “Meu pai é Silva, minha mãe é Souza. Todos os quatro filhos ficaram com o Silva. É comum, né? Todo dia a gente escuta esse nome. É o mais fácil de encontrar.”
Gláucia Bernardo da Silva, 28 anos, é outro exemplo dessa repetição que atravessa o tempo. “Herdei o Silva do meu pai e da minha mãe, o silva faz parte dos dois lados da família. Todos os meus cinco filhos também têm Silva. Já acostumei com o silva e nunca pensei em mudar”, diz.
O senhor Emanuel Messias da Silva, 50 anos, recorda que herdou o sobrenome tanto do pai quanto da mãe. “Silva dos dois lados. É um nome que já vem de longe, de outras gerações. Hoje, nem faz diferença, já virou parte da gente.”
Lucas Juvenal da Silva, 26 anos, diz herdou o nome do pai, enquanto as irmãs ficaram com o sobrenome da mãe. “Todo dia aqui no trabalho atendo um monte de Silva. É tanta gente que a gente se perde”, diz.
O sobrenome “Silva”, de origem portuguesa, tem raízes antigas: vem do latim silva, que significa “floresta” ou “mato”. Era usado inicialmente para identificar famílias que viviam próximas a regiões de mata e se espalhou pelo Brasil desde o período colonial.
No levantamento nacional, o ranking dos cinco sobrenomes mais comuns é liderado por Silva, seguido de Santos, Oliveira, Souza e Pereira.