Entre memórias e homenagens, políticos destacam o papel do Diario de Pernambuco na história e na vida pessoal
O evento reuniu autoridades, jornalistas e personalidades pernambucanas para celebrar o bicentenário do jornal mais antigo em circulação da América Latina e também para relembrar como o Diario marcou, de forma pessoal, a trajetória de figuras políticas do Estado
Na noite da última segunda-feira (3), o Teatro Santa Isabel, no Recife, foi palco de uma celebração histórica. O Diario de Pernambuco, jornal mais antigo em circulação da América Latina, deu início às comemorações dos seus 200 anos de existência, reunindo figuras políticas, empresários, artistas e jornalistas que carregam, em diferentes formas, memórias e afetos ligados às páginas do periódico.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, emocionou-se ao relembrar sua relação com o veículo e destacou a importância do Diario na formação da consciência democrática do Estado. “Conheci o Diario quando aprendi a ler, né? O Diario de Pernambuco dialoga com a história do nosso Estado, escreveu a democracia junto com a gente, lutou as nossas lutas. São 200 anos de trajetória, de permitir à população ter acesso à informação e de se reinventar diante dos desafios da imprensa tradicional”, afirmou. A gestora também ressaltou o papel do jornal em tempos de desinformação: “Em épocas de fake news, é um alívio saber que há um jornal que mantém sua temperança, sua razoabilidade, e que não foge à verdade dos fatos.”
O prefeito do Recife, João Campos, levou o público ao riso ao associar sua lembrança mais antiga ao time do coração. “Certamente a lembrança que eu tenho foi algum título do Náutico que saiu na capa e eu guardei. Ainda criança, queria guardar o jornal por causa do meu time”, brincou.
Em seguida, destacou o simbolismo da data: “É muito importante celebrar um veículo que tem 200 anos. O Diario é um superlativo do nosso estado, representa a história, a memória e a força da imprensa.”
Entre os homenageados, o empresário Eduardo de Queiroz Monteiro, fundador da Folha de Pernambuco, exaltou o papel do Diario como pilar da comunicação pernambucana. “É um símbolo de resistência e de compromisso com a verdade. O Diario foi e continua sendo uma escola de jornalismo, um espaço de formação cidadã e de diálogo democrático.”
Também presente, João Suassuna, neto do escritor Ariano Suassuna, falou sobre o vínculo afetivo que sua família mantém com o jornal. “O Diario de Pernambuco é memória viva. É o espelho da história do nosso Estado, um registro das lutas e conquistas do povo pernambucano. Estar aqui é como revisitar a própria trajetória da nossa cultura.”
O momento mais nostálgico da noite veio com as palavras do colunista João Alberto, que celebrou seus 60 anos de carreira dentro do jornal. “Não tenho uma primeira lembrança, são muitas. Conheci pessoas incríveis, jornalistas maravilhosos. Entrei como estagiário, fui repórter, editor e, por fim, colunista. Minha história é a história do Diario. É emocionante ver essa trajetória completar dois séculos”, contou.
A artista Louise França, filha do músico Chico Science, também compartilhou uma memória afetiva. “Lembro da minha mãe assinando o jornal. Eu adorava ler o horóscopo e o caderno cultural. O Diário sempre esteve presente na minha infância, é uma lembrança de casa, de afeto”, recordou.
Cada depoimento mostra que o Diario de Pernambuco ultrapassou as páginas da notícia para se tornar parte da identidade pernambucana, guardando histórias, paixões e memórias que atravessam gerações.