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PM preso por suspeita de estupro não passará por reconhecimento, diz advogada de mulher

Defesa da vítima confirma que o policial será ouvido novamente nesta sexta (17); laudo da perícia deve ser concluído na próxima semana

Por Diario de Pernambuco

Suposto estupro teria acontecido no posto do BPRv do Cabo

O subtenente da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) Luciano Valério de Moura, de 49 anos, preso por suspeita de estuprar uma mulher de 48 anos dentro de um posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, não precisará ser submetido a reconhecimento formal.

A informação foi confirmada pela advogada da vítima, que afirmou que o policial será ouvido novamente em uma oitiva marcada para esta sexta-feira (17), às 16h, no Centro de Reeducação da Polícia Militar de Pernambuco (CREED) e que o laudo da perícia deve ser concluído na próxima semana.

O crime teria ocorrido na noite de 10 de outubro, durante uma blitz de rotina. Segundo a investigação, a vítima seguia para a praia de Gaibu acompanhada de uma amiga e das duas filhas, de 9 e 16 anos, quando foi abordada por três policiais militares. Após a checagem dos documentos, o subtenente Valério teria informado sobre pendências no licenciamento do veículo e pedido que ela o acompanhasse até uma área interna do posto.

No local, conforme o relato da mulher, o policial teria apagado as luzes, exposto as partes íntimas e forçado a vítima a manter relação sexual. Ela contou que tentou resistir, mas acabou sendo obrigada a praticar sexo oral. Após o ato, o agente a liberou. No dia seguinte, a mulher procurou a Delegacia da Mulher e registrou o boletim de ocorrência. Durante o procedimento, reconheceu o suspeito por meio de fotografias apresentadas pelos investigadores. As roupas usadas no momento do abuso foram recolhidas para perícia.

Versão do acusado

Em depoimento, o subtenente negou a acusação e afirmou que “nunca manteve qualquer contato sexual com a vítima”. Disse ser casado, pai de dois filhos e que não teria motivo para se envolver com outra mulher. Relatou ainda que, durante a blitz, outros veículos estavam sendo fiscalizados e que os motoristas poderiam servir como testemunhas.

Valério contou que, após constatar que o carro da mulher estava com o licenciamento atrasado, tentou acessar o sistema para aplicar a multa, mas não conseguiu por estar sem o celular funcional. Segundo o depoimento, a vítima fez uma ligação em viva voz para o antigo proprietário do veículo, que teria reagido de forma grosseira. O policial afirmou que decidiu não apreender o carro “por ser tarde da noite” e por considerar a situação delicada.

O militar declarou também que a mulher ficou abalada e pediu um copo de água. Ele disse tê-la acompanhado até a recepção do posto, onde havia um bebedouro, e negou qualquer ato de violência. Em seu relato, afirmou que a vítima agradeceu pela compreensão e chegou a oferecer o contato pessoal, dizendo ter uma casa em Gaibu disponível para aluguel.

Posicionamento da defesa

O advogado Teófilo Barbalho, que representa o subtenente, afirmou que o cliente “nega categoricamente” a denúncia e que colaborou integralmente com a investigação, entregando o celular à polícia. Segundo ele, o local onde o suposto crime ocorreu “tem paredes de vidro e seria de fácil visualização por outros agentes”.

“É muito estranho uma pessoa que diz ter sido estuprada não gritar ou pedir socorro. Havia outros policiais e veículos no local”, argumentou o defensor, que considera a denúncia “um subterfúgio para evitar o pagamento da multa”.

Ainda segundo Barbalho, o policial ingressou na corporação em março de 1999, não possui antecedentes disciplinares e é casado há mais de 20 anos. A defesa informou que o subtenente se colocou à disposição para fornecer material genético e colaborar com a perícia. “Ele está disposto a tudo para comprovar a inocência”, afirmou o advogado.