° / °
Cadernos Blogs Colunas Rádios Serviços Portais

Homem é preso por suspeita de vender bebidas adulteradas que resultaram em duas mortes

Os policiais também apreenderam 706 garrafas de bebidas prontas para serem comercializadas com uma concentração de metanol 300 vezes maior do que é permitido

Por Diario de Pernambuco

Coletiva da SDS para falar do preso suspeito de adulterar bebidas com metanol

Um suspeito de distribuir bebidas adulteradas com metanol no Agreste do estado foi preso em uma ação integrada das polícias Militar e Civil no último sábado (11). O cumprimento ao mandado de prisão aconteceu na própria residência do suspeito, no município de São Bento do Una.

De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, as investigações, conduzidas pela Delegacia de Lajedo, foram iniciadas após a notificação do primeiro caso suspeito de intoxicação por metanol. Os agentes constataram que o indivíduo tem envolvimento no crime que resultou em duas mortes e deixou uma terceira vítima com sequelas oculares naquele município.

“O suspeito, um mecânico de 40 anos de idade que não mostrou resistência durante a abordagem, já tinha antecedentes criminais por receptação de cargas e, se condenado, pode responder pelo crime de falsificação e distribuição de produto alimentício adulterado nocivo à saúde, que prevê pena de até 8 anos”, informou a PCPE.

“Além da participação dele, estamos investigando se outras pessoas também têm ligação com o crime, para tentar localizar os destinatários, bem como o fornecedor das bebidas”, explicou o delegado Seccional de Garanhuns, Everton Bastos, acrescentando que a carga de bebidas adulteradas foi trazida de São Paulo no mês de agosto.

“O motorista que trouxe a carga para Pernambuco, inclusive, se envolveu num sinistro de trânsito que resultou em sua morte, o que também será investigado”, pontuou.

Além da detenção do acusado, a equipe policial também localizou 706 garrafas de bebidas alcoólicas já prontas para serem comercializadas, em um terreno de propriedade de familiares do suspeito. Os produtos foram apreendidos e algumas unidades coletadas para realização dos devidos exames periciais.

“Recebemos denúncias na última quinta-feira (9) e fomos até o local verificar. Porém, como o material estava escondido numa área de vegetação densa, só conseguimos fazer a localização da carga no sábado (11), utilizando um drone”, detalhou o tenente-coronel Leone Sena, comandante do 15º BPM.

Laudos do Instituto de Criminalística (IC) apontaram a presença de metanol tanto na amostra biológica de uma das vítimas de Lajedo, quanto nas bebidas apreendidas com indícios de falsificação, por meio da técnica chamada cromatografia gasosa.

Já na segunda vítima de Lajedo, não foi possível a identificação da substância tóxica devido ao tempo decorrido entre o uso da bebida e a coleta do material biológico. Nesse segundo caso, a suspeita da ingestão de bebida com metanol deveu-se à condição clínica do paciente durante a internação hospitalar.

No total, foram analisadas 9 garrafas de uísque relacionadas ao caso de Lajedo. A concentração de metanol nas amostras questionadas foi superior à concentração de etanol. “Surpreendeu que as bebidas analisadas apresentavam concentração de metanol 300 vezes maior que o limite máximo estabelecido na legislação vigente, que é de até 20 miligramas de metanol por 100 ml de álcool puro, o que seria equivalente a 0,8 decigramas de metanol por litro de bebida”, declarou o perito criminal do IC, Rafael Arruda.


Em nota, a Polícia informou ainda que as autoridades estão reforçando a atuação integrada e a continuidade das ações de fiscalização, repressão e prevenção envolvendo o uso indevido do metanol. Foram realizadas sete operações em Garanhuns, Vitória de Santo Antão, Quipapá, Cachoeirinha, e na capital pernambucana (no bairro de San Martin), além de diversas ações de apoio às vigilâncias sanitárias municipais, resultando em 8 prisões, no cumprimento de 6 mandados de busca e apreensão em Jupi, Jucati, São Bento do Una e Cachoeirinha, interdição de 5 estabelecimentos e ainda a apreensão de 26 galões com substâncias químicas e, aproximadamente, 33 mil garrafas de bebidas já embaladas para comercialização. Como também lacres, tonéis de álcool e equipamentos artesanais para envase e fechamento das embalagens.