TCE-PE suspende concurso público após indícios de fraude investigados pela PF
A operação da PF tinha como foco uma organização criminosa especializada em fraudar concursos e o certame do TCPE-PE pode ser um dos fraudados
O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) decidiu suspender temporariamente o andamento do concurso público após o certame ser citado em investigações da Polícia Federal (PF) sobre uma suposta rede de fraudes em concursos realizados em todo o país. A medida foi oficializada nesta terça-feira (7), por meio de nota divulgada pela instituição.
A operação da PF foi deflagrada na última quinta-feira (2) e tem como alvo uma organização criminosa especializada em fraudar provas de concursos públicos. Durante as investigações, os agentes identificaram que o concurso do TCE-PE pode ter sido um dos processos afetados pelo esquema. Um dos nomes investigados pela corporação consta na lista de aprovados preliminares para o cargo de Auditor de Controle Externo.
Em comunicado oficial, o Tribunal informou que, diante das suspeitas levantadas, todas as etapas do concurso estão suspensas até que as apurações sejam concluídas.
“Diante dos fatos revelados por inquérito da Polícia Federal (PF) e veiculados na imprensa sobre fraudes em concursos públicos em nível nacional e estadual, o Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informam que já estão tomando todas as providências cabíveis junto às autoridades policiais e judiciárias para proteger a integridade do certame”, diz a nota.
O TCE-PE ressaltou ainda que, como órgão de controle externo, tem o dever de zelar pela legalidade e transparência das admissões no serviço público. “Até que todos os fatos estejam devidamente esclarecidos, ficam suspensos todos os atos pertinentes ao concurso", conclui o comunicado.
De acordo com as informações levantadas pela Polícia Federal, a candidata citada nas investigações não apenas foi aprovada no concurso do TCE-PE, mas também aparece entre os aprovados em pelo menos outros 13 processos seletivos recentes. O currículo da suspeita inclui formações em cursos de alta complexidade, como Medicina e Direito, além de um histórico de aprovações em diferentes órgãos públicos, entre eles uma instituição federal de ensino e o cargo de auditor-fiscal do trabalho pelo Concurso Nacional Unificado (CNU) 2024.
Para os investigadores, esse histórico seria uma forma de dar aparência de legitimidade às ações do grupo criminoso. Segundo a PF, a mulher já acumula 14 registros de suspeitas de fraude em certames distintos. O nome dela ganhou notoriedade após o início das apurações do CNU 2024, quando a Polícia Federal descobriu que o gabarito da candidata era idêntico ao de um ex-policial militar apontado como líder do esquema.
A análise de dados digitais realizada pelos peritos federais revelou ainda que documentos eletrônicos conectam a candidata ao ex-policial e a outros investigados. Um dos arquivos, datado de janeiro de 2024, contém referências à aprovação do suposto líder no concurso do Banco do Brasil, o que, segundo a PF, indica que ambos já tinham conhecimento prévio das atividades ilícitas antes de o caso vir a público.