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Periferias do Recife se reúnem para discutir financiamento climático e justiça ambiental

O objetivo é discutir caminhos para que comunidades periféricas tenham acesso a recursos financeiros destinados à adaptação climática, tema que ganhou relevância diante da proximidade da COP30, em Belém (PA)

Por Diario de Pernambuco

Periferias do Recife se reúnem para discutir financiamento climático e justiça ambiental

Nos dias 26 e 27 de setembro, o Recife será sede de um encontro voltado para organizações de base comunitária que enfrentam os impactos das mudanças climáticas em seus territórios. A imersão “Clima de Cuidado – Financiamento Climático para as Periferias” vai reunir cerca de 20 coletivos da Região Metropolitana em dois espaços simbólicos: a ONG Cores do Amanhã, no Recife, e a Casa de Sal, em Itamaracá.

O objetivo é discutir caminhos para que comunidades periféricas tenham acesso a recursos financeiros destinados à adaptação climática, tema que ganhou relevância diante da proximidade da COP30, em Belém (PA). A iniciativa integra o Mutirão Global por Financiamento Climático das Periferias, que vem elaborando propostas para inserir vozes da base nas negociações nacionais e internacionais.

Durante os dois dias, os participantes irão construir um Mapa de Tecnologias Sociais, consolidar diretrizes de financiamento e fortalecer narrativas comunitárias. A programação também inclui rodas de partilha, práticas de cuidado coletivo e um relatório-síntese que deve servir de base para incidência política.

As discussões ocorrem em um contexto de alta vulnerabilidade socioambiental do Recife. Reconhecida como uma das capitais brasileiras mais expostas à crise climática, a cidade convive com enchentes recorrentes, ilhas de calor, avanço do nível do mar e deficiências estruturais de saneamento. Esses fatores atingem de forma mais intensa moradores de periferias e comunidades negras, segundo o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Entre as organizações envolvidas estão a Rede GERA, que conecta lideranças periféricas, ribeirinhas e quilombolas do Grande Recife, e a Iniciativa PIPA, responsável pela coordenação nacional do mutirão climático. Para os grupos, a exclusão histórica das periferias dos fluxos de financiamento internacional é um entrave para avançar na justiça climática.

Além de debates técnicos, o encontro também se propõe a discutir o cuidado como prática política. Alimentação comunitária, escuta sensível e práticas corporais compõem a agenda do segundo dia, reforçando a ideia de que cuidar das pessoas que sustentam os territórios é parte essencial do enfrentamento às crises ambientais.

A programação ainda prevê a elaboração de uma Carta de Adesão à Rede GERA, ampliando a articulação entre coletivos e lideranças locais. Os resultados do encontro devem servir de subsídio para os diálogos do Balanço Ético Global (BEG), processo internacional que reúne experiências de diferentes países e deve ser apresentado durante a COP30.