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Futura lei para construções prevê aumento de gabarito em determinadas regiões do Recife e criação de novas ZEIs

Projeto da nova Lei de Uso e Ocupação do Solo (LPUOS), que regulamenta construções no Recife, foi aprovada em duas sessões na Câmara

Por Marília Parente

Projeto foi aprovado em duas sessões realizadas nesta terça (23)

Em duas votações realizadas ontem, a Câmara Municipal aprovou o projeto da nova Lei de Uso e Ocupação do Solo do Recife (LPUOS). A proposta prevê a criação de 16 novas Zonas de Interesse Social (ZEIS), permite construções com gabaritos maiores em determinadas regiões da cidade, e estabelece incentivos a projetos de retrofit - que estabelece novos fins para antigas edificações-, entre outros.

Dentre as novas ZEIS, estão as comunidades de Nova Conquista, no Barro, Zona Oeste; e a comunidade Quatorze e Quarenta, no bairro do Rosarinho, na Zona Norte, que se encontra em processo de reintegração de posse. “A gente sai muito fortalecido dentro dessa perspectiva de poder regularizar e urbanizar a cidade. Para se ter uma ideia, dentro dessas novas ZEIS temos 32 comunidades de interesse social”, afirma o coordenador do Prezeis, Watas Antônio da Silva.

Por outro lado, alguns urbanistas consideram que a nova legislação “revoga parcialmente” a Lei dos 12 Bairros – que entrou em vigor em 2001. “Ao longo do Rio Capibaribe, Casa Forte e Tamarineira continuam os parâmetros dos 12 Bairros: taxa de solo natural, coeficiente e gabarito. A grande questão está em partes dos bairros do Espinheiro, Graças e Aflitos, em que será permitido o novo gabarito”, critica Norma Lacerda, professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenadora dos estudos que implementaram a Lei dos 12 Bairros.

A antiga legislação limitava o gabarito das construções a 20 andares, a depender da largura das vias em que fossem implementadas. Antes da votação da LPUOS, a arquiteta participou de uma reunião marcada às pressas no gabinete do presidente da câmara, Romero Jatobá. Junto com outros urbanistas e representantes da sociedade civil, ela reivindicou o adiamento da votação. “As consequências, inclusive ambientais, são irreversíveis”, acrescenta Norma.

Presente no encontro, Elani Ximenes, integrante do Núcleo de Vivências e Lutas Democráticas de Casa Forte, também demonstrou preocupação com possíveis consequências climáticas da mudança dos parâmetros urbanísticos. “Comprometem o trânsito, a qualidade do ar e a absorção da água no solo, que está impermeabilizado pelas construções. Fico bastante preocupada com a qualidade de vida da cidade, não só dos 12 bairros”, comenta.

Já o líder do governo na Câmara, o vereador Samuel Salazar, ressaltou a inclusão da política de retrofit na lei como uma iniciativa importante para revitalização de imóveis no centro da cidade. “Destaco a possibilidade de trazer moradia para essa região. A gente hoje tem um centro já com estrutura de transporte, saneamento e o que falta é moradia. A gente trazer as pessoas para morar mais perto do trabalho”, comenta

Votação

A proposta foi votada em duas sessões movimentadas. Integrantes de movimentos sociais ficaram do lado de fora. Uma mulher chegou a passar mal e precisou ser socorrida.

Alegando lotação do plenário, a Guarda Municipal também impediu a reportagem do Diario de Pernambuco de acompanhar os debates.

Na primeira votação, a proposta foi aprovada por 33 votos. Já na segunda discussão, a medida contou com 26 votos favoráveis e apenas um contrário, dado pela vereadora Jô Cavalcanti (Psol). Ela alegou ter errada no primeiro turno.

Após a aprovação nas duas sessões, o projeto segue para sanção do prefeito João Campos (PSB). “Por ser um projeto do executivo, naturalmente teve uma série de emendas, tem a tramitação interna da própria prefeitura, mas acredito que não vai demorar”, completa Salazar.