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Da investigação por tentativa de golpe até a prisão: veja a cronologia do caso Bolsonaro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes considerou que Jair Bolsonaro descumpriu medidas restritivas e havia risco de fuga

Por Diario de Pernambuco

O ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente, no sábado (22), pela Polícia Federal (PF) por descumprimento de medidas restritivas e risco de fuga.

Apesar do ex-presidente estar condenado a mais de 27 anos de prisão por liderar trama golpista, o processo ainda não foi transitado em julgado.

A prisão dele ocorre no inquérito em que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, é investigado por atuar junto ao governo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, para conseguir medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Veja a cronologia da investigação sobre tentativa de golpe até a prisão preventiva do ex-mandatário.

Fevereiro de 2024

A Polícia Federal deflagra a operação Tempus Veritatis contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, após o tenente-coronel Mauro Cid fechar acordo de colaboração premiada. A ação visa apurar uma organização criminosa envolvida em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito após as eleições de 2022. O ex-presidente teve o passaporte apreendido e ficou impedido de manter contato com os investigados.

No mesmo mês, Bolsonaro ficou dois dias na embaixada da Hungria em Brasília. Em tese, Bolsonaro não poderia ser preso em uma embaixada por se tratar de um local protegido por convenções diplomáticas.

Novembro de 2024

A PF conclui o inquérito sobre a tentativa de golpe, indiciando Bolsonaro e mais 36 pessoas, entre ex-ministros e militares.

A PF também deflagra a operação que revelou um plano de militares das Forças Especiais do Exército para matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Em denúncia posterior, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que Bolsonaro sabia e havia concordado com o plano.

Fevereiro de 2025

A Procuradoria-Geral da República denuncia Bolsonaro e outras 33 pessoas. Bolsonaro é acusado dos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de estado, dano qualificado contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e organização criminosa.

Março de 2025

A Primeira Turma do STF decide, por unanimidade, tornar Bolsonaro réu.

O filho Eduardo Bolsonaro (PL) anuncia licença do mandato de deputado federal para permanecer nos Estados Unidos. Na ocasião, ele afirma que vai se dedicar integralmente a convencer o governo de Donald Trump a se unir pela anistia aos acusados dos ataques do 8 de janeiro.

Julho de 2025

Donald Trump anuncia uma tarifa de importação de 50% a produtos brasileiros. Ele alegou que a sobretaxa foi devido ao que considerava "perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado" contra Bolsonaro.

Ainda em julho, os Estados Unidos sancionam Moraes com a Lei Magnitsky, voltada para punir autoridades estrangeiras acusadas de violação dos direitos humanos e corrupção em grande escala. A lei autoriza os EUA a aplicar sanções econômicas e restrições de visto.

A Primeira Turma do STF referenda decisão de Moraes que determinou medidas restritivas ao ex-presidente.

Moraes avaliou que o réu e Eduardo Bolsonaro agiram para "Tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro, por meio de atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir essa corte".

Entre as medidas cautelares impostas estão uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar entre 19h e 6h e finais de semana, proibição de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros, proibição de acesso às redes sociais e proibição de se comunicar com outros réus e investigados.

O ministro do STF analisa que ficaram caracterizados os crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e atentado à soberania.

Agosto de 2025

Moraes decreta prisão domiciliar de Bolsonaro por descumprir as medidas cautelares no âmbito da investigação por tentar atrapalhar andamento da ação penal.

Segundo o ministro, houve publicação nas redes sociais de falas feitas por Bolsonaro, por telefone, durante manifestações. O conteúdo foi postado por apoiadores, inclusive o senador Flavio Bolsonaro.

A prisão seria cumprida na residência do ex-presidente, que ficou proibido de receber visitas e de usar aparelho celular.

Setembro de 2025

Bolsonaro é condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar trama golpista para permanecer no poder após perder as eleições. Outros réus do núcleo central receberam penas que variam de 2 a 27 anos e 3 meses de prisão.

Novembro de 2025
A Primeira Turma rejeita os recursos de Bolsonaro e dos outros réus do núcleo central da trama golpista.

Alexandre de Moraes determina a prisão do ex-presidente por descumprir medidas restritivas e risco de fuga.