"Careca do INSS" nega envolvimento com o esquema de desvio de dinheiro de aposentados e pensionistas durante CPMI
Em depoimento à CPMI nesta manhã, Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", Antunes afirmou que nem ele nem sua família têm envolvimento com os desvios, e se negou a responder às perguntas do relator do caso
O depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS", na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aconteceu nesta quinta-feira (25).
Antunes é considerado pela Polícia Federal um dos articuladores do esquema que desviou bilhões de reais do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ele é o lobista apontado como "facilitador" do caso. Sua fala era a mais aguardada da comissão.
Lendo, o empresário afirmou: "No que concerne às minhas empresas, é importante frisar: não tenho qualquer ligação com o governo, em nenhuma de suas esferas, federal, estadual ou municipal. Jamais foi objetivo da minha atuação empresarial estabelecer parcerias com o setor público."
Ele acrescentou, em seguida: "Especialmente no que se diz respeito à minha empresa, sobre a qual muito se tem falado e em torno da qual pairam suspeitas infundadas de que, por meio dela, eu teria cometido diversos crimes, cumpre esclarecer à vossas excelências que a inferida sociedade foi regularmente constituída (...). Desde sua criação, sempre pautou sua atuação dentro dos limites da legalidade, com registros contábeis transparentes", enfatizou.
A PF prendeu o operador sob a suspeita de pagar propina a servidores do INSS para obter dados de aposentados e pensionistas, facilitando descontos ilegais e desvios de benefícios.
Esquema
A investigação revelou um esquema envolvendo fraudes, onde associações cadastravam pessoas sem autorização com assinaturas falsas para descontar mensalidades.
Entre 2023 e 2024, Antunes transferiu R$ 9,3 milhões a pessoas ligadas a servidores do órgão.
Conflito
O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes se recusou a responder às perguntas do relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (UNIÃO-AL), permanecendo em silêncio durante todo o depoimento. Ele alegou que depósitos anteriores na comissão o condenaram sem ouvi-lo.
Gaspar o acusou de ser responsável pelo maior roubo aos aposentados, o que gerou reação do advogado do depoente, Cleber Lopes, instaurando um conflito que levou à suspensão temporária da sessão por parte do vice-presidente da CPMI, Duarte Jr.
O depoimento de Antunes envolveu tensões, com ele afirmando que o personagem "Careca do INSS" não refletia sua verdadeira personalidade. Antunes também destacou que teria o direito de permanecer em silêncio para evitar autoincriminação.
Familiares envolvidos
Como Antônio Camilo não quis participar da investigação, o presidente, relator e líderes da CPMI aprovoram a convocação de seis pessoas, incluindo familiares e sócios ligados ao esquema, além de um advogado investigado na operação, para prestar esclarecimentos sobre os desvios em aposentadorias e pensões.
Sobre o assunto, em depoimento, Antunes disse: "Minha esposa nunca teve qualquer ligação com minha empresa. À excessão do meu filho mais velho, nenhum dos meus filhos integram, ou já integraram o quadro societário da Próspede".
Ainda segundo Antônio, serão disponibilizados à PF mais de 180 GigaBytes (GB) de informações correspondentes à mais de dezoito milhões de páginas de documentos, os quais são efetivamente capazes de comprovar a prestação de serviço da empresa a diversas associações". Ele ainda negou todas as acusações da Polícia.