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"Anistia" x "Justiça": veja reações de aliados e adversários de Bolsonaro no estado

Apontado como líder da organização criminosa golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão, em julgamento no STF

Por Guilherme Anjos

Gilson Machado e Luciana Santos

A condenação do núcleo 1 da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira (11), provocou revolta de aliados e celebração de adversários pernambucanos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


Apontado como líder da organização criminosa que planejava abolir o estado democrático de direito, Bolsonaro recebeu a maior das penas aplicadas aos réus – 27 anos e três meses de prisão, em regime inicial fechado.

Ex-ministro do Turismo e aliado de primeira hora do ex-presidente em Pernambuco, Gilson Machado (PL) reivindicou a aprovação da “anistia ampla, geral e irrestrita” para os acusados de tentativa de golpe de Estado no Congresso Nacional. O projeto pode beneficiar Bolsonaro e os demais réus do núcleo 1, se aprovado.

“É preciso, mais do que nunca, lutar pela anistia como instrumento de pacificação do país. Estamos de olho no Congresso para a anistia ampla, geral e irrestrita. É uma responsabilidade de todo o Brasil”, defendeu Gilson.

O filho do ex-senador, o vereador do Recife Gilson Machado Filho (PL), avaliou que o julgamento não foi conduzido de maneira “imparcial “pela 1ª Turma do STF.

Ele elogiou o ministro Luiz Fux, único do colegiado que se manifestou pela absolvição de Bolsonaro e outros cinco réus, votando para condenar apenas o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto.

“Achávamos que seria 5x0 [para condenar], mas tivemos um voto lúcido do único juiz de carreira que estava votando, o Fux. E ele foi muito certeiro em suas palavras, quando disse que era um julgamento que nem era para estar acontecendo no STF e pediu a anulação. Com isso, tenho certeza que será o suficiente para votar a anistia no Congresso”, disse.

“Deu uma verdadeira aula de direito constitucional para Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. O triste é ver que depois da aula, Cármen Lúcia e Zanin continuaram com suas posições políticas, em vez de tomarem posições imparciais cabíveis para juízes da Suprema Corte”, acrescentou.

O Diario de Pernambuco procurou outros aliados de Jair Bolsonaro para se pronunciar sobre o resultado do julgamento, como os deputados federais Coronel Meira e André Ferreira, e o dirigente do PL em Pernambuco, Anderson Ferreira, mas não obteve resposta.

Nas redes sociais, Anderson Ferreira compartilhou uma nota do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que lamentou a condenação de Bolsonaro.

“Que dia triste para o Brasil. O STF condena o presidente Jair Bolsonaro, um homem honesto, que sempre trabalhou pelo bem do povo brasileiro e que liderou um governo sem corrupção. Esta condenação entra para uma das páginas mais sombrias da nossa vida política. Uma injustiça que não será capaz de apagar o legado de Bolsonaro: um governo íntegro, a defesa intransigente da liberdade e a coragem de colocar o Brasil acima de tudo”, escreveu.

Costa Neto também reforçou o objetivo da sigla de aprovar a anistia, e elogiou Fux pelo voto favorável ao ex-presidente. “O Partido Liberal não descansará até aprovar a anistia. Nosso reconhecimento ao ministro Luiz Fux, que deu um voto lúcido, técnico e imparcial, uma verdadeira aula de Direito”, complementou.

Adversários: “democracia fortalecida”

A ministra da Ciência, Tecnologia e Informação do governo Lula, Luciana Santos (PCdoB), afirmou que “não tem a menor dúvida” que o julgamento representou o fortalecimento da democracia no país.

“Nós vivemos, neste país, um contexto de golpes de estado que marcaram época. Foi um período muito nocivo para o povo brasileiro, em que muitas vidas se perderam por uma causa. O estado brasileiro chegou a torturar, a assassinar, e houve todo um processo de redemocratização que precisa ser cada vez mais resgatado”, afirmou.

Santos elogiou a postura da Primeira Turma, e defendeu que “o julgamento respeitou o direito de defesa, diferente do que vivemos com o presidente Lula”.

“Foi garantido todo o devido processo legal e as provas são robustas. O que clamamos é por justiça. É inadmissível que ainda se naturalize uma tentativa de golpe ou que se questione o voto legítimo do povo brasileiro, associado ainda a uma explícita tentativa de assassinato do presidente Lula, de ministro do Supremo e do vice-presidente”, disse.

Presidente estadual do PT, o deputado federal Carlos Veras celebrou a condenação de Jair Bolsonaro, e afirmou que o resultado do julgamento reforça a soberania brasileira diante de potências estrangeiras que ameacem interferir no país, em referência aos Estados Unidos.

“O Brasil começa a ser passado a limpo com a condenação de Bolsonaro. É um marco que escreve na história brasileira que não tem anistia para quem atenta contra a democracia. E mais: que o Brasil é um país soberano que não aceita interferência estrangeira sobre os poderes da nossa República, que hoje, com essa decisão, se agiganta diante do mundo”, declarou.