Flávio Bolsonaro chama Moraes de 'psicopata' e defende anistia total
Filho de Bolsonaro afirmou após a condenação do pai que irá "unir o Parlamento e fazer anistia ampla, geral e irrestrita para todos, incluindo Bolsonaro"
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) defendeu nesta quinta-feira (11) a aprovação de uma anistia, com efeito desde o início do inquérito das fake news até o data de promulgação da lei. A declaração ocorreu após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pela trama golpista.
“Nós vamos unir o Parlamento e fazer anistia ampla, geral e irrestrita para todos, incluindo Bolsonaro. Anistia criminal, administrativa, eleitoral”, disse em coletiva em frente ao condomínio onde o ex-presidente cumpre prisão domiciliar.
Ele também fez críticas ao relator da ação penal sobre o golpe, o ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem se referiu como “psicopata”. Segundo o senador, é possível que Moraes obrigue Bolsonaro a cumprir pena em regime fechado, em uma penitenciária comum. “É uma pessoa que não está mais nas suas faculdades mentais normais”, disse.
Também defendeu que Cristiano Zanin e Flávio Dino não poderiam ter participado do julgamento por terem sido indicados para a Corte pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“É um resultado que a gente já esperava não pelo que estava no processo, mas por quem iria julgá-lo. Pelo menos três pessoas ali que são inimigas de Bolsonaro. O presidente da Turma (Zanin) era advogado do Lula até ontem”, disse.
Flávio Bolsonaro também pregou a união da direita em torno do ex-presidente e não descartou a candidatura de Bolsonaro, apesar da condenação.
“O jogo está só começando. Não queiram colocar Bolsonaro como carta fora do baralho, porque ele está mais vivo do que nunca. Mais do que nunca, Bolsonaro está pronto para ser o presidente do Brasil. Todos têm consciência de que ele é a pessoa que tem a possibilidade, que tem a moral perante a população para pedir o voto”, disse.
Ainda durante a coletiva, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que os efeitos do julgamento têm impactado a saúde do ex-presidente.
“Indignado. Com toda a razão, né? Indignado, porque isso tem um reflexo na própria saúde dele. Parece que teve um vídeo, filmado hoje na porta da casa dele, em que dá para ver ele soluçando. Um soluço diferente, de quem está ali com algum problema ainda”, afirmou Flávio.
A Primeira Turma do STF formou maioria de 4 a 1 pela condenação de Jair Bolsonaro. O ex-presidente foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão. Também deverá pagar 124 dias-multa, somando cerca de R$ 376 mil.
Líder da oposição quer que anistia seja votada na próxima semana
O líder da oposição na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), defendeu que a anistia seja votada já na próxima semana e válida a partir da abertura do inquérito das fake news até a promulgação da lei, como também disse Flávio.
“Estamos muito confiantes que na semana que vem a gente vote na Câmara dos Deputados”, disse.
O parlamentar participa da vigília realizada em apoio a Jair Bolsonaro. “Nós temos que acabar com a arma empunhada pelo ditador da toga ministro Alexandre de Moraes, que são esses inquéritos sem fundamento, por isso a anistia tem que ser desde o inquérito das fake news até a promulgação. E nós não vamos abrir mão disso.”
Confira a lista das condenações:
Alexandre Ramagem: ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal (PL-RJ), foi condenado a 16 anos e 1 mês de prisão por tentativa de golpe de Estado. Os ministros também decidiram pela perda de seu mandato parlamentar.
Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa no governo Bolsonaro, foi condenado a 19 anos de prisão, sendo 16 anos e 11 meses de reclusão e 2 anos e 1 mês de detenção, por tentativa de golpe e outros crimes.
Augusto Heleno: o general foi condenado a 21 anos de prisão, sendo 18 anos e 11 meses de reclusão e 2 anos e 1 mês de detenção, por tentativa de golpe de Estado.
Almir Garnier: ex-comandante da Marinha, recebeu pena de 24 anos de prisão, sendo 6 meses de reclusão e 2 anos e 6 meses de detenção, por tentativa de golpe.
Anderson Torres: ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, foi condenado a 24 anos de prisão, sendo 21 anos e 6 meses de reclusão e 2 anos e 6 meses de detenção.
Walter Braga Netto: o general foi condenado a 26 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Mauro Cid: tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi condenado a 2 anos em regime aberto. Como delator da ação penal relacionada à trama golpista, recebeu pena reduzida.