Moraes interrompe Cármen Lúcia para mostrar vídeo de Bolsonaro em protesto: "Isso não é ameaça ao STF?"
Em aparte, relator da trama golpista votou a defender que Bolsonaro como líder da organização criminosa; fala rebateu voto do ministro Luiz Fux
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes fez um aparte durante o voto da ministra Cármen Lúcia sobre a ação penal da trama golpista nesta quinta-feira (11). Durante a intervenção, o ministro exibiu vídeos do ato de 7 de setembro de 2021 na Avenida Paulista e dos ataques de 8 de janeiro de 2023.
“Isso não é ameaça ao Supremo Tribunal Federal?”, questionou Moraes.
Em 7 de setembro de 2021, durante ato na Paulista, Bolsonaro chamou Alexandre de Moraes de “canalha”.
“Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha”, disse Bolsonaro na ocasião.
Moraes também destacou a liderança do ex-presidente no que ele chamou de organização criminosa. A fala pode ser interpretada como uma resposta ao ministro Luiz Fux, que na quarta-feira (10) defendeu que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid era o líder das orquestrações antidemocráticas.
Ele cita que uma faixa de ato pedia intervenção militar e Bolsonaro presidente. “Aqui não está Walter Braga Netto presidente, não está Garnier presidente, não está Anderson presidente”, ele comenta.
Moraes também cita o episódio em que um manifestante derruba relógio vindo ao Brasil por Dom João VI. A camisa do homem tinha a estampa de Jair Bolsonaro. “Ele também não está com a camisa de nenhum dos outros corréus. Está com a camisa do líder da organização criminosa, Jair Messias Bolsonaro.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal prossegue com o julgamento da Ação Penal que tramita contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete ex-integrantes de seu governo acusados de integrar o chamado “Núcleo 1” da denúncia por tentativa de golpe de Estado.
São réus:
– o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
– o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
– Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;
– o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
– o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (réu colaborador);
– o ex-presidente da República Jair Bolsonaro;
– o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
– o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa.