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Advogado admite que Bolsonaro pretendia adotar 'medidas de exceção'

Questionamento de Cármen Lúcia leva advogado de ex-ministro da Defesa a admitir que Bolsonaro buscava usar medidas de exceção

Por Estado de Minas

Ministra Cármen Lúcia

No segundo dia do julgamento do núcleo central da tentativa de golpe de Estado, no Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia protagonizou um dos momentos mais tensos da sessão. Ao final da sustentação oral do advogado Andrew Fernandes Farias, defensor do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, a magistrada interrompeu para fazer um apontamento direto.

O advogado havia dito que o general atuou para “demover o então presidente Jair Bolsonaro”. Cármen Lúcia não deixou passar:

"Vossa Senhoria disse que o réu, neste caso, o cliente de Vossa Senhoria, estava atuando para demover o presidente da República. Demover de quê? Porque até agora todo mundo disse que ninguém pensou nada", questionou.

A resposta surpreendeu e abriu uma admissão inédita no julgamento: "Demover de adotar qualquer medida de exceção, atuou ativamente e é a prova dos autos", respondeu o advogado.

 

Na sustentação, Farias citou o depoimento do brigadeiro Baptista Junior, testemunha de acusação, para reforçar que Nogueira teria alertado Bolsonaro sobre a impossibilidade de reverter o resultado das eleições de 2022. Argumentou ainda que o então ministro da Defesa atuou contra qualquer iniciativa de ruptura institucional.

O defensor tentou afastar a acusação de que Nogueira integrava uma organização criminosa, afirmando que sua participação em discussões sobre o sistema eleitoral foi mal-interpretada. Mas, ao admitir que o presidente buscava “medida de exceção”, a defesa acabou revelando pela primeira vez no plenário do STF aquilo que até então era negado: a intenção de Bolsonaro de levar adiante um plano de ruptura.

O episódio se soma a outras intervenções da ministra Cármen Lúcia ao longo do julgamento. No primeiro dia do julgamento, em embate com a defesa do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, ela fez questão de reafirmar que “o processo eleitoral é amplamente auditável”, rebatendo tentativas de confundir a opinião pública ao tratar “voto auditável” como sinônimo de “voto impresso”.


Confira as informações no Estado de Minas.