Quem é o ex-senador cassado que, hoje, advoga para o Almirante Garnier
Torres foi um dos principais personagens do escândalo envolvendo as ligações do bicheiro Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados
PUm personagem da política brasileira voltou aos holofotes nesta terça-feira (2), durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na trama golpista. Trata-se do ex-senador cassado Demóstenes Torres, agora advogado do Almirante Almir Garnier - comandante da Marinha durante o governo Bolsonaro.
Torres foi eleito, em 2002, senador da República pelo estado de Goiás, e teve seu mandato cassado em julho de 2012 pelo plenário da Casa Alta, com 56 parlamentares a favor, outros 19 contrários e cinco abstenções. Ele foi um dos principais personagens do escândalo envolvendo as ligações do bicheiro Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados.
Cachoeira era o líder de uma organização criminosa, desarticulada pela Polícia Federal, ligada a um esquema de corrupção, tráfico de influência, escutas ilegais e operação de máquinas caça-níqueis. O advogado de Garnier estava entre os envolvidos. Cachoeira foi condenado por corrupção e formação de quadrilha.
Logo após a operação, Demóstenes chegou a discursar no plenário do Senado, negando qualquer envolvimento com o bicheiro, além de uma antiga amizade, e de nunca ter defendido interesses do negócio dos jogos ilegais. A PF, no entanto, provou que isso não era verdade.
O relator do processo contra Demóstenes Torres no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar foi o senador pernambucano Humberto Costa (PT). Na época, ele destacou as 97 ligações interceptadas pela Polícia Federal num aparelho Nextel entregue a Demóstenes por Cachoeira, e 40 encontros entre os dois, no período de março a agosto de 2011. Para Humberto, era “muito difícil acreditar que Demóstenes não sabia das atividades ocultas de Cachoeira”.