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Lula: Brasil tem tamanho, postura e interesses para negociar com os EUA

Para Lula, é "inaceitável" o governo do país norte-americano usar justificativa política como motivo para taxar os produtos brasileiros

Por Estadão Conteúdo

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sanção do Projeto de Lei nº 1246, de 2021, que estabelece a obrigatoriedade de reserva mínima de participação de mulheres em conselhos de administração de sociedades empresárias.?Palácio do Planalto, Brasília – DF. ?Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o Brasil quer negociar em igualdade de condições com os Estados Unidos porque tem "tamanho, postura e interesses" para isso. Ele classificou como "inaceitável" o governo do país norte-americano usar justificativa política - a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro - como um dos motivos para tarifar os produtos brasileiros.

"O Brasil hoje não é tão dependente quanto já foi dos Estados Unidos. O Brasil tem uma relação comercial muito ampla, no mundo inteiro. A gente está muito mais tranquilo do ponto de vista econômico, mas obviamente não vou deixar de compreender a importância de relação diplomática com os Estados Unidos", disse Lula, durante discurso no 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, em Brasília. "Mas quero saber daqui para frente o que é que eu faço. E eles têm que saber que temos o que negociar. Temos tamanho, temos postura, temos interesses econômicos e políticos para negociar", afirmou.

E acrescentou: "As propostas estão na mesa. Já foram apresentadas."

Ele disse que o Brasil quer negociar "em igualdade de condições" com os Estados Unidos e que o Brasil "não é uma republiqueta". "Tentar colocar assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável", afirmou Lula, acusando o presidente norte-americano, Donald Trump, de buscar a destruição do multilateralismo.

"Ele quer a volta da negociação país por país. País pequeno negociar com os EUA é como trabalhador de uma fábrica de 80 mil trabalhadores negociar sozinho com o patrão. O acordo é leonino, não vai ganhar nada", disse Lula.

Moedas alternativas ao dólar

O presidente recusou-se a abrir mão da busca pelo uso de moedas alternativas ao dólar no comércio internacional - política que tem sido criticada por Trump.

"Não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que possa negociar com outros países. Não preciso ficar subordinado ao dólar. E eu não estou falando isso agora. Em 2004, fizemos isso com a Argentina" afirmou Lula. "Eu não estou disposto a brigar com ninguém. Este país é de paz. Quem quiser confusão conosco, pode saber que não queremos brigar. Agora, não pensem que nós temos medo", disse o presidente.