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Carlos Veras: "Nós não vamos estar em um palanque que o PT não tenha a vaga do Senado. Esqueça"

Em entrevista ao Diario, o parlamentar comentou do alinhamento com o PT Nacional, garantiu a candidatura de Humberto Costa ao Senado, que será a prioridade do partido

Por Mariana de Sousa

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Assumindo o cargo de presidente do PT Pernambuco neste domingo (24), o deputado federal Carlos Veras comandará o partido na corrida eleitoral de 2026. Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o parlamentar comentou do alinhamento com o PT Nacional, garantiu a candidatura de Humberto Costa ao Senado, que será a prioridade do partido, e falou das estratégias que serão usadas junto à Federação para conseguir mais parlamentares na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Na discussão de alianças do PT na disputa ao governo do Estado, Veras reforçou que a legenda não estará em palanque sem o Senado garantido e, no Congresso Nacional, analisou a instalação da CPMI com presidência e relatório da oposição, além da ocupação da direita na Mesa Diretora no início de agosto.


Domingo oficialmente o senhor se torna presidente estadual do PT Pernambuco, como estão as expectativas para essa gestão?

Veras: Espero contar com toda a militância do PT, porque a nossa principal força é a militância, contar com os nossos dirigentes para poder fazer um grande trabalho. Cada vez mais interiorizar o partido, fazer um bom debate regional, articular, conversar e ajudar e subsidiar os nossos mandatos legislativos, fazer uma integração cada vez maior entre os mandatos legislativos e o movimento sindical. Realizar reuniões do diretório de forma descentralizada para dar espaço e oportunidade para que as regiões possam debater com a sua direção estadual, sempre analisando a conjuntura, discutindo o que nós queremos para Pernambuco. O PT tem que ter proposta, tem que chegar em 2026 com um conjunto de propostas construídas com a sua militância. Então, a minha expectativa é de uma direção extremamente atuante, participativa e com muita presença na vida dos municípios, na vida da nossa militância.

Falando de 2026, como está a projeção para a corrida eleitoral para presidente do PT e Lula?

Veras: Estamos muito firmes, o presidente Edinho será um dos condutores desse processo da eleição do presidente Lula. O presidente Lula não deu nenhuma declaração pública de que é candidato à reeleição, mas isso pra gente é dado como certo. Ele é nosso candidato à reeleição, e está bem nas pesquisas, todas elas mostram que ele ganharia a eleição, como eu acredito que ganhará, porque é o melhor para o Brasil e para Pernambuco. O governo chegou no período da colheita, da entrega de tudo que fizemos durante esses dois primeiros anos, que foi de reconstrução de todas as políticas que nós tínhamos construído no governo do presidente Lula e da presidente Dilma e que “eles” desmontaram e sucatearam. Então, aqui no PT, a animação e o entusiasmo é muito grande com a reeleição do presidente Lula.

Como está o alinhamento do PT Pernambuco em relação ao PT Nacional?

Veras: Nosso alinhamento do PT de Pernambuco com o PT Nacional é total. Sou amigo do presidente Edinho, tenho a honra de representá-lo na chapa nacional e ter essa relação muito próxima com ele, tanto que ele vai estar domingo com a gente. Então a relação é muito boa e nós vamos discutir juntos. As decisões tomadas em Pernambuco, não vão ser tomadas à revelia da direção nacional. E nem haverá intervenção da direção nacional numa decisão tomada em Pernambuco. Nós vamos construir as decisões em conjunto. Pernambuco e a direção nacional.

 

Com as novas gestões do PT, como fica a manutenção da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), que o senhor vai presidir?

Veras: Vamos manter a federação, estamos trabalhando para atrair outros partidos, inclusive. Temos hoje três deputados federais e sete deputados estaduais na Federação, queremos chegar a cinco deputados federais, a dez deputados estaduais, à reeleição do senador Humberto Costa pela Federação Brasil da Esperança e, acima de tudo, à reeleição do presidente Lula.

E aqui? Já foi conversado com o PT Nacional quais serão as estratégias para aumentar o número de deputados do PT na Alepe e de prefeitos nas próximas eleições?

Veras: Estamos iniciando essa estratégia. A partir da posse, vamos rodar o estado de Pernambuco e dialogar com as nossas lideranças que podem se candidatar e com as que não estão na federação, mas que têm afinidades com o projeto da federação e possam vir compor para a gente poder ter uma chapa extremamente competitiva e com capacidade de alcançar o nosso objetivo. Mas não é de candidato para ser candidato. Nós precisamos de candidatos que defendam o PT, a federação e o governo do presidente Lula. A gente não admite nenhum vereador ou vereadora votando contra a pauta dos trabalhadores, a gente não admite que tenha nenhum deputado estadual e federal votando contra a pauta da classe trabalhadora. Votamos sempre juntos na defesa dos trabalhadores.

Hoje, em Pernambuco, temos secretários do PT na gestão do prefeito do Recife, João Campos, que são mais ligados a Teresa Leitão; por outro lado, tem-se o deputado João Paulo com a governadora Raquel Lyra. Para o senhor, como novo presidente e que é ligado a Humberto, como vão ficar esses os apoios? De que lado o PT está, com João ou Raquel?

Veras: Olha, o PT está com o PT. O PT compõe o governo municipal do Recife, tem duas secretarias, indicados pela direção municipal. O PT não compõe o governo do estado de Pernambuco. Eu entendo que há - e não tem como negar - algumas lideranças do PT que têm uma simpatia e que acham que seria melhor o PT trilhar com Raquel. Como tem lideranças do PT que defendem que o melhor caminho seria trilhar com o PSB, dando continuidade a uma trajetória em Pernambuco de aliança com o PSB. Há esse debate. Mas o PT, no final, não vai ser parte “A” ou parte “B”. Vai ser o PT. Nós vamos tomar uma decisão. A gente não pode ficar colocando as brigas, as disputas políticas partidárias acima do interesse da população. Isso não é uma política que se alimente nos dias de hoje. Isso é uma política nociva. Nós temos que fazer política com grandeza. Se é bom para Pernambuco, os deputados têm que estar votando, tem que estar ali na defesa.

Então, o PT não se baseia e não trabalha simplesmente olhando um resultado eleitoral, às custas do bem-estar da população. Nós trabalhamos para que a população melhore a sua condição de vida. Não significa que quando for o processo eleitoral, a gente vai estar junto com aquele partido ou com aquele governo. Quando for no processo eleitoral, nós vamos defender o nosso projeto.

Nós estamos juntos com o presidente Lula, com o PT Nacional. Existe orientações de estratégia eleitorais e de alianças prioritárias colocadas pela direção nacional aprovada em sua resolução. Nós vamos discutir a nossa tática eleitoral em 2026 à luz do que é melhor para o povo de Pernambuco e para a reeleição do presidente Lula.

Com a recuperação de Lula nas pesquisas, aqui também no Nordeste, o PT pensa em investir em uma candidatura para o Governo de Pernambuco?

Veras: A prioridade do PT, do presidente Lula, é a eleição do Senado Federal. Claro que em estados que têm condições, a gente terá candidato a governador, mas sem abrir mão de ter um senador do nosso canto. Seja do PT, da Federação ou de um partido aliado, que não atente contra a democracia, contra o Estado Democrático, contra a soberania nacional. Nós não podemos ter senadores atentando contra o país, contra a sua nação, contra a sua soberania. Por isso que nós precisamos construir alianças sólidas para eleger uma bancada grande de senadores e senadoras, não só do PT, não só da Federação, mas dos partidos aliados. Por isso que no Nordeste, com a força que tem o presidente Lula, nós vamos trabalhar e investir pesado para ter o maior número de senadores e senadoras.

Como está o posicionamento do PT e da esquerda de Pernambuco para o Senado? Humberto já está confirmado?

Veras: Humberto é nosso candidato a Senador, é o candidato do presidente Lula, o que está sendo definido é em que chapa o Humberto concorrerá à eleição do Senado, o que está se discutindo é nossa aliança em Pernambuco que será feita através da tática de aliança. Nós não vamos estar em um palanque que o PT não tenha a vaga do Senado. Esqueça. Em nenhum palanque, nenhuma aliança com nenhum partido de Pernambuco para o governo do Estado, nós estaremos sem a vaga do Senado Federal do PT. Não há a menor possibilidade. Então, Humberto será o senador em Pernambuco, candidato à reeleição e vai ser reeleito pelo trabalho que ele vem fazendo. É o senador que tem um legado muito grande, que ajudou muito o estado de Pernambuco e o Brasil. Por isso ele tem todo knowhow, todo direito e eu tenho certeza que todo o reconhecimento da sociedade pernambucana para ser reconduzido ao Senado Federal.

Há possibilidade de chapa dupla? Qual o papel do partido na escolha do nome para a outra vaga?

Não terá dois candidatos do PT ou da Federação ao Senado, é importante dar liberdade a quem será o candidato ou candidata ao governo do Estado, para ele ter liberdade de construir a sua chapa do Senado. O que nós não vamos admitir é estar em uma chapa do Senado onde nós temos Humberto e teremos um candidato a senador bolsonarista, que vai estar lá seguindo aos interesses do fascismo. Nós queremos um senador e o candidato a candidato ao governo do estado tem todo o direito de escolher o seu candidato na sua chapa, mas tem que ser dentro dessas diretrizes. De ter alguém que possa estar junto conosco na defesa da democracia, do estado democrático de direito, da soberania nacional. Essa é uma condição que nós não abrimos mão, e esse será o palanque do presidente Lula em Pernambuco, o palanque que nós vamos estar.

Como viu a derrota do governo no Comando da CPMI do INSS? O que o senhor espera do desenrolar desta investigação?

Veras: Primeiro, eles vão tentar usar de tudo para tentar esconder os crimes de Bolsonaro, tentar pautar a imprensa e a sociedade, desvirtuar o debate do que é essencial, que é o julgamento do Bolsonaro e a sua turma pelos seus crimes. Tem deputado ali investigado, tem deputado que está à beira da condenação. Senador do mesmo jeito, senador de tornozeleira. Então, tem alguns que estão tentando se livrar dos processos. É tentar criar uma narrativa. O próprio Randolfe reconheceu, que os líderes do governo na CPMI relaxaram e não se atentaram para essa possibilidade de que poderia haver uma estratégia da oposição para poder ganhar a presidência e a relatoria. É bom lembrar que a eleição terminou, inclusive, antes que todos pudessem votar. A estratégia foi utilizada e o governo tomou a bola nas costas. Então, agora, precisa, porque o governo tem maioria na CPMI, fazer o trabalho. E a estratégia de ter uma dedicação maior à CPMI para que ela possa minimamente cumprir com o seu papel como é o objetivo de uma comissão mista de inquérito. Precisa ter muita atenção e continuar cuidando e fazendo o trabalho sério que vem sendo feito pelo governo.

Como membro na mesa diretora da Câmara dos Deputados, como o senhor viu toda a ocupação dos bolsonaristas? Como foi o pós dessa movimentação da base governista na Casa?

Veras: Primeiro não é uma ocupação. É uma invasão, um sequestro da Mesa Diretora. Ali foi uma invasão que é um processo de continuidade da tentativa de golpe do 8 de janeiro. O 8 de janeiro depredou, quebrou a Câmara dos Deputados, o Senado e o Supremo e o Palácio do Governo. E eles queriam continuar ali na Mesa Diretora, no plenário, se apropriando daquele espaço. Porque em uma ditadura e um golpe, a primeira coisa que se faz fechar é o parlamento, que é a casa do povo. É o Congresso e o Judiciário. Como eles tentam também atacar o Judiciário a todo instante. E tem deputados ali e senadores que participaram do processo de mobilização do 8 de janeiro. Que incentivaram através das redes sociais, que captaram recursos e financiaram.

Eles fizeram isso para dar continuidade do 8 de Janeiro e a tentativa deles é única: tentar se livrar dos processos que eles respondem de ataque à democracia e à soberania nacional, da responsabilização que eles têm com tudo que aconteceu no dia 8 de Janeiro.

Nós recuperamos, aprovamos inclusive agora o requerimento para análise de um projeto que dá inclusive atribuições ao presidente da Casa que quando acontecer algo dessa natureza, que ele possa enviar direto o processo de punição para a comissão de ética sem ter que passar pela decisão da Mesa Diretora. Então a gente vai continuar acompanhando de perto e trabalhando para que eles não saiam impunes e que isso não volte a acontecer.