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Dez anos sem Eduardo Campos: relembre a gestão do ex-governador na cultura

Dez anos após o acidente aéreo que causou a morte de Eduardo Campos, as marcas de seu governo ainda são evidentes na cultura do estado

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Ariano Suassuna foi secretário especial de Cultura no primeiro mandato de Eduardo Campos
Uma década se passou desde o fatídico acidente aéreo em Santos, no litoral paulista, que custou a vida do ex-governador Eduardo Campos e de outras seis pessoas. A lembrança de uma das figuras políticas mais importantes de Pernambuco continua viva na memória da população, assim como o legado dos sete anos que passou à frente do Governo do Estado. Nos seus dois mandatos (2007-2011 e 2012-2014), Campos promoveu avanços importantes na Cultura, incluindo a instituição da Secretaria de Cultura (Secult).

Ao tomar posse em 2007, Campos nomeou Ariano Suassuna como secretário especial de Cultura de Pernambuco. Embora o cargo estivesse vinculado ao gabinete do governador, não incluía a gestão das políticas culturais. Com a criação da Secult em 2011, a responsabilidade foi transferida para a nova pasta, que absorveu a Fundarpe, anteriormente subordinada à Secretaria de Educação. Marcelo Canuto, que sucedeu Fernando Duarte como secretário em 2013, considera a criação da Secult um marco significativo para a cultura do estado. “Eduardo Campos foi particularmente inovador, estruturando as bases do que até hoje convencionamos chamar de política cultural. A cultura popular e os artistas pernambucanos passaram a ser prioridade”, afirma Canuto, atual presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife. 

Entre 2007 e 2014, o orçamento estadual destinado à Cultura quase triplicou sob a gestão de Campos, subindo de R$ 46 milhões para R$ 133 milhões. As manifestações culturais populares, quilombolas e indígenas foram particularmente favorecidas. Em 2013, o então governador de Pernambuco apresentou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) os dossiês sobre as expressões culturais Maracatu Rural, Maracatu Nação, Caboclinho e Cavalo Marinho, visando seu reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Um ano depois, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural concedeu o título às tradições de forma unânime.

As políticas implementadas pelo governo do socialista ganharam força com as novas diretrizes do Ministério da Cultura durante o governo Lula (PT), sob a liderança de Gilberto Gil. A atuação do MinC e a consolidação do Sistema Nacional de Cultura incentivaram a criação de Conselhos de Cultura nos âmbitos estadual e municipal. O programa Pontos de Cultura, implementado pelo Governo Federal em 2007, representa uma iniciativa incorporada em Pernambuco que aumentou o acesso aos meios de produção, circulação e fruição de bens e serviços culturais, especialmente nas áreas com altos índices de violência. No entanto, a adesão ao Sistema Nacional de Cultura, chamado de 'SUS da cultura', enfrentou atrasos.

Criado em 2003, o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) também recebeu importantes investimentos sob a administração de Eduardo Campos. Logo no primeiro ano do mandato, a verba dobrou de R$ 4 milhões para R$ 8,1 milhões. Quando saiu do cargo, ele deixou o Funcultura com um montante de R$ 33,5 milhões, incluindo R$ 11,5 milhões destinados ao Funcultura Audiovisual, lançado em 2007 para fomentar a produção cinematográfica em Pernambuco. Cerca de 1863 projetos culturais foram contemplados em sete anos. 

“A gestão de Eduardo Campos ainda reverbera hoje porque ele fortaleceu o Funcultura, ampliando suas ações e recursos. Além disso, criou um edital específico para o audiovisual pernambucano e implementou a legislação correspondente, o que transformou o segmento em um dos mais fortes de Pernambuco. Hoje, podemos dizer que o estado abriga um dos melhores cinemas do Brasil”, afirma Cida Pedrosa, poetisa e vereadora do Recife pelo PCdoB. Mesmo com os avanços obtidos, os atrasos frequentes na divulgação dos resultados dos editais atrapalhavam os cronogramas dos projetos. Em 2013, a Fundarpe repassou apenas 46% dos R$ 33,5 milhões destinados aos projetos aprovados.

A aquisição e revitalização do Cinema São Luiz se destaca como uma das realizações mais significativas na gestão de Eduardo Campos. Depois que o Grupo Barros Melo desistiu do projeto de restauração em 2008, o Governo do Estado anunciou que tomaria à frente da reforma e da administração do equipamento, com um investimento de R$ 1,2 milhão. Em junho de 2009, o Cinema São Luiz foi oficialmente tombado como patrimônio artístico e cultural de Pernambuco. A reinauguração ocorreu em dezembro do mesmo ano, com uma sessão especial do filme “Baile Perfumado”. Dois anos depois, com Geraldo Pinho na função de programador, a compra do imóvel foi acertada em R$ 2,5 milhões.