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Iêmen declara estado de emergência

O governo iemenita proibiu também por 72 horas a entrada por todas as passagens das fronteiras em território sob o seu controle

Por Isabel Alavarez

O chefe do Conselho Presidencial do Iêmen, Rashad al-Alimi, anunciou estado de emergência no país durante três meses e cancelou o pacto de defesa com os Emirados Árabes Unidos

Nesta terça-feira (30), o chefe do Conselho Presidencial do Iêmen, Rashad al-Alimi, anunciou estado de emergência no país durante três meses e cancelou o pacto de defesa com os Emirados Árabes Unidos. O governo iemenita, que é reconhecido internacionalmente e apoiado pela Arábia Saudita, proibiu também por 72 horas a entrada por todas as passagens das fronteiras em território sob o seu controle, assim como em aeroportos e portos marítimos, exceto os autorizados pela coligação liderada pela Arábia Saudita.

De acordo com Al-Alimi, a medida foi tomada devido à necessidade de confrontar o golpe de Estado que decorre desde 2014, em referência ao grupo rebelde xiita dos Houthis, que são apoiados pelo Irã. “Conflitos internos instigados por elementos militares rebeldes receberam ordens dos Emirados Árabes Unidos para lançar uma ofensiva militar contra as províncias orientais com o objetivo de dividir a República do Iêmen", declarou Al-Alimi.

O Governo iemenita já havia pedido apoio e ajuda à coligação militar liderada pelos saudistas, que realizou ataques aéreos contra o porto de al-Mukalla, no Iêmen, visando veículos blindados e armas para as força separatistas conhecida como Conselho de Transição do Sul (CTS), que foram descarregados de dois navios. Segundo um comunicado militar, a ação se deveu por causa dos riscos e à escalada representados por estas armas, que ameaçam a segurança e a estabilidade. O armamento chegou ao Iêmen em navios vindos de Fujairah, cidade portuária na costa leste dos Emirados Árabes Unidos.
A coligação já tinha alertado que iria retaliar contra qualquer ação militar dos separatistas no Iêmen e pediu que se retirassem de forma pacífica das províncias que recentemente conquistaram. O porta-voz da coligação, Turki al-Maliki, afirmou que as entregas de amamento aos Houthis constituíram uma clara violação dos esforços de desescalada e uma infração à Resolução 2216 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. “Os carregamentos têm como objetivo alimentar o conflito nas províncias orientais de Hadramawt e Al Mahra, no Iêmen, onde os separatistas apoiados pelos Emirados Árabes Unidos detêm o poder”, disse Turki.

"O acordo de defesa mútua com os Emirados Árabes Unidos está cancelado", comunicou a agência de notícias oficial iemenita.

O CTS é apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, que ainda não se pronunciou sobre o ataque e os Emirados Árabes Unidos também não fizeram até o momento qualquer comentário sobre o ataque.

O conflito no Iêmen eclodiu em 2014 entre o Governo e os seus aliados, incluindo o CTC, por um lado, e os Houthis, por outro, resultando em milhares de mortes, na fragmentação do país, deslocamentos forçados e numa das piores crises humanitárias do mundo. Mas, um acordo de cessar-fogo alcançado em 2022 tem sido respeitado. Uma coligação comandada pela Arábia Saudita, inimiga de Teerã, foi formada em 2015 para apoiar o Governo iemenita reconhecido internacionalmente.

Já os separatistas pretendem restabelecer um Estado no sul do Iêmen, onde uma república democrática e popular foi independente entre 1967 e 1990.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, apelou à moderação, mas evitou tomar partido entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, dois parceiros-chave de Washington no Oriente Médio.

As novas tensões podem desestabilizar ainda mais o Iêmen, o país mais pobre da Península Arábica.