Camboja acusa Tailândia de ataque aéreo após o recente acordo de trégua
Conflito fronteiriço deixou mais de 40 mortos e milhares de deslocados em duas semanas
Nesta segunda-feira (22), o Camboja acusou a Tailândia de lançar um ataque aéreo após as duas partes terem alcançado um acordo de trégua, em Kuala Lumpur, para retomar já na próxima quarta-feira as negociações dietas que permitam alcançar um cessar-fogo definitivo no conflito fronteiriço que fez mais de 40 mortos e milhares de deslocados em duas semanas.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores tailandês, Sihasak Phuangketkeow, confirmou que continua valendo o acordo depois da reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) que decorre na capital da Malásia. Porém, admitiu que considerou prematuro o acordo de cessar-fogo assinado em outubro sob mediação do presidente norte-americano, em alusão a declaração conjunta. “Foi apressada porque a Casa Branca queria que fosse assinado a tempo da visita do presidente Donald Trump", acrescentou.
Mas, este acordo foi suspenso pouco depois, quando soldados tailandeses ficaram feridos ao pisar uma mina terrestre, no qual Bangkok culpou o Camboja de ter colocado recentemente.
Segundo os dados oficiais recentes, pelo menos 43 pessoas morreram desde que os combates recomeçaram, em 07 de dezembro, e aproximadamente 900 mil pessoas foram forçadas a se deslocarem das regiões fronteiriças de ambos os lados. Com o risco de um impasse, os esforços diplomáticos se intensificaram na semana passada, e a reunião de hoje, na Malásia, país que detém a presidência rotativa da ASEAN, parece estar produzindo avanços informaram fontes das delegações.
Entretanto, Phuangketkeow avisou que a posição da Tailândia é que um cessar-fogo não se conquista com um anúncio, mas com ações, reiterando uma das exigências do seu país, ou seja, que o Camboja invista mais na remoção de minas terrestres das zonas fronteiriças.
Já Pequim também iniciou a mediação na semana passada, tendo o enviado especial chinês para os assuntos asiáticos, Deng Xijun, visitado o Camboja e se encontrado hoje com o primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul, em Bangkok. "Como amiga e vizinha próxima do Camboja e da Tailândia, a China espera sinceramente que ambos os lados procurem manter a paz e a estabilidade ao longo da fronteira", disse Lin Jean, porta-voz do chanceler da China,
O conflito entre a Tailândia e o Camboja transcorre de uma disputa territorial histórica sobre a demarcação das suas fronteiras de aproximadamente 800 quilômetros, estabelecida durante o período colonial francês.