Secretário da Defesa dos EUA vai ao Caribe para conversações sobre o tráfico de drogas na região
Conversações acontecerão em um contexto em que se agravam as tensões entre Caracas e Washington
O Pentágono comunicou que o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, chega hoje à República Dominicana, e se reunirá com os principais dirigentes do país, incluindo o presidente Luis Abinader, para discutir sobre o tráfico de drogas em meio à mobilização militar norte-americana em águas internacionais do Caribe.
O anúncio acontece após o chefe do Comando Conjunto de Estado-Maior dos EUA, general Dan Caine, já ter se encontrado com a primeira-ministra de Trindade e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, também para conversações sobre narcotráfico na região. Enquanto a maioria dos líderes caribenhos não tem se manifestado abertamente sobre os ataques, apelando apenas à paz e ao diálogo, Persad-Bissessar faz fequentes elogios públicos aos bombardeios.
A Defesa norte-americana mantém um destacamento militar sem precedentes perto da costa da Venezuela, argumentando que objetiva combater o narcotráfico originário do pais sul-americano. A frota estacionada no Mar do Caribe, inclusive com o maior porta-aviões do mundo, vem conduzindo há meses ataques a embarcações supostamente usadas por traficantes de drogas nesta zona. Até agora foram realizados 21 bombardeios que mataram cerca de 83 pessoas.
As ações são avaliadas pelos especialistas internacionais como pressão sobre o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, visando a sua queda. Já as deslocações de Hegseth e Caine ocorrem com as suposições de que o presidente dos EUA, Donald Trump, cogita lançar ações militares contra Maduro, que é acusado de narcoterrorismo por Washington. Mas, a mídia dos EUA noticiou que Trump está disposto a conversar com Maduro. "Se pudermos salvar vidas, se pudermos resolver as coisas do jeito fácil, seria bom. E se tivermos que fazer isso do jeito difícil, tudo bem, também", disse Trump.
Mas, o governo norte-americano já incluiu oficialmente em sua lista de grupos terroristas o Cartel de los Soles, organização venezuelana que levaria drogas aos EUA e que a Casa Branca alega ser chefiada por Maduro.
Por sua vez, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Albert Ramdin, apelou à contenção dos Estados Unidos e da Venezuela e à resolução pacífica entre os dois países. Ramdin sublinhou que apoia a luta contra o crime organizado, porém declarou que deve ser ealizada em conformidade com o direito internacional, além de rejeitar uma guerra na região.
Em contrapartida, o ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, chamou hoje, na televisão, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, de palhaço e ameaçou aniquilar aqueles que pretendem atacar o país. "Ele vai acabar mal, assim como muitos palhaços que tiverem a ousadia de intervir na Venezuela", afirmou Cabello, descrevendo Rubio como o membro da administração dos EUA mais incompetente da História. Cabello ainda afirmou que o "imperialismo" norte-americano está tentando usar a mesma fórmula que aplicou para invadir o Iraque e a Síria, com mentiras para desacreditar o seu país. “A intenção dos Estados Unidos é roubar os recursos naturais da Venezuela sob o pretexto de mudança de regime e acusações sobre a existência de uma ditadura”, declarou.
As declarações acontecem num contexto em que se agravam as tensões entre Caracas e Washington.
No último fim de semana, a Administração Federal de Aviação dos EUA já alertou para um potencial risco ao sobrevoar a Venezuela devido a um possível aumento da atividade militar. O alerta motivou o cancelamento de mais de 30 voos internacionais com partida de Caracas.