Trump assina lei para tornar públicos arquivos do caso Epstein
Financista Jeffrey Epstein morreu na prisão em 2019
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na noite de quarta-feira (19) uma lei que exige que seu governo torne públicos os arquivos sobre o financista falecido Jeffrey Epstein.
Aprovado na véspera pelo Congresso, o texto dá um mês ao Departamento de Justiça para divulgar todos os arquivos não classificados sobre Epstein, que morreu na prisão em 2019.
Trump, que se opunha à lei, mas que mudou de postura quando o projeto parecia avançar entre os congressistas, publicou na plataforma Truth Social que havia acabado "DE ASSINAR A LEI PARA DIVULGAR OS ARQUIVOS EPSTEIN".
O suicídio de Epstein em sua cela alimentou teorias da conspiração segundo as quais o financista, com vastas relações nos círculos políticos, empresariais e do entretenimento, teria sido assassinado para evitar revelações embaraçosas.
Depois de prometer durante a campanha presidencial de 2024 revelações impactantes, Trump pede agora aos seus apoiadores que virem a página, e chama o caso de "farsa" da oposição democrata.
Recentemente, reiterou que não tem "nada a ver com Jeffrey Epstein" e que o "expulsou" de Mar-a-Lago, seu luxuoso clube na Flórida, porque ele era "um pervertido doente".
"Nada a esconder"
Trump e Epstein, ambos figuras da elite nova-iorquina, foram próximos desde o fim dos anos 1980, até se distanciarem no início dos anos 2000. Isso ocorreu anos antes do início dos processos judiciais contra o financista, acusado de ter organizado uma rede de exploração sexual de meninas menores de idade.
O presidente dos Estados Unidos, que nunca foi acusado pela Justiça nesse caso, opôs-se ao projeto de lei de "transparência no caso Epstein" e exerceu forte pressão sobre os legisladores republicanos que o apoiavam.
No último domingo, quando ficou claro que o texto seria aprovado por republicanos e democratas no Congresso, Trump mudou publicamente de postura. Disse que agora apoiava a iniciativa, embora tenha sublinhado que essa legislação não deveria "desviar a atenção" dos "resultados sem precedentes" de seu governo.
O projeto de lei foi aprovado ontem por 427 votos a 1 na Câmara dos Representantes, e o Senado usou um procedimento especial para aprová-lo sem debate e por unanimidade.
Além dos registros sobre Epstein, os arquivos oficiais incluem documentos sobre sua cúmplice Ghislaine Maxwell, que cumpre pena de 20 anos de prisão, e sobre todas as pessoas envolvidas nos processos judiciais relacionados.
Cortina de fumaça
Na semana passada, Trump ordenou à sua secretária de Justiça, Pam Bondi, que abrisse uma investigação sobre a relação entre o financista e algumas figuras democratas, incluindo o ex-presidente Bill Clinton.
O Departamento de Justiça e o FBI anunciaram em julho que não haviam "encontrado provas para fundamentar uma investigação contra pessoas até agora não processadas" no caso.
Consultada sobre o motivo das novas investigações, Bondi disse nesta quarta-feira que estavam justificadas por "novas informações", sem especificar quais. "Continuaremos proporcionando a máxima transparência de acordo com a lei", assegurou.
A legislação aprovada pelo Congresso autoriza o Departamento de Justiça a reter ou censurar os documentos em questão sob certas condições, especialmente para preservar a privacidade das vítimas ou devido a "uma investigação federal ou processos judiciais em curso".
O legislador republicano Thomas Massie, um dos autores do projeto e crítico frequente de Trump, expressou temor de que essas investigações sejam "uma cortina de fumaça" e uma "tentativa de última hora para evitar a publicação do dossiê Epstein".
Massie destacou nesta quarta-feira, na rede X, que, segundo os termos da legislação, o Departamento de Justiça poderia deixar de divulgar documentos "desde que essa retenção seja específica e temporária".