OMS divulga na COP30 que calor extremo já mata mais de 500 mil pessoas por ano
"São mais de 540 mil pessoas que morrerem anualmente devido ao calor extremo", diz a agência da ONU
Nesta sexta-feira (14), a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece na cidade de Belém, no Brasil, que as alterações climáticas já causam uma emergência global de saúde. “São mais de 540 mil pessoas que morrerem anualmente devido ao calor extremo”, diz a agência da ONU.
O documento, divulgado em conjunto pela OMS, pelo governo brasileiro, que preside a COP30 e pelo Ministério da Saúde do Brasil, mostra que o aumento das temperaturas e o colapso dos sistemas de saúde estão ceifando mais vidas, e apela a uma ação imediata e coordenada para proteger a saúde num planeta que aquece rapidamente.
Também no relatório a OMS indica que um em cada 12 hospitais no mundo está em risco de fechado devido a questões relacionadas com o clima. O relatório constata que 3,3 a 3,6 bilhões de pessoas já vivem em áreas altamente vulneráveis às mudanças climáticas, e os hospitais enfrentam um risco 41% maior de danos causados por eventos climáticos extremos em comparação com 1990.
“Isto ressalta a necessidade urgente de reforçar e adaptar os sistemas de saúde para proteger as comunidades de choques relacionados com o clima. Sem uma acelerada descarbonização, o número de instalações de saúde em risco poderá duplicar até meados do século. O próprio setor da saúde contribui com cerca de 5% das emissões globais de gases com efeito de estufa e precisa fazer uma transição rápida”, salientam os autores do texto.
O relatório ainda surge um dia após o lançamento na COP30 de um Plano de Ação de Saúde de Belém, uma iniciativa da presidência brasileira da cúpula climática. "A crise climática é uma crise de saúde, não num futuro distante, mas aqui e agora. O relatório fornece provas sobre o impacto das alterações climáticas nos indivíduos e nos sistemas de saúde, bem como exemplos reais do que os países podem fazer e estão a fazer para proteger a saúde e reforçar os seus sistemas de saúde", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Além disso, o relatório identifica problemas que requerer atenção urgente, como por exemplo, que apenas 54% dos planos nacionais de adaptação na saúde avaliam os riscos para as instalações de saúde. No entanto, aponta que houve progressos, como o ter duplicado entre 2015 e 2023 o número de países com Sistemas Nacionais de Alerta Precoce para Múltiplos Riscos, atingindo agora 101, abrangendo cerca de dois terços da população global.
Mas, somente 46% dos países menos desenvolvidos e 39% dos pequenos estados insulares em desenvolvimento têm sistemas eficazes em vigor.
O relatório apelou aos governos para que integrem os objetivos de saúde nas propostas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, e nos planos nacionais de adaptação às alterações climáticas e sugeriu que aproveitem a poupança financeira da descarbonização para financiar a adaptação em saúde, invistam em infraestruturas resilientes, e capacitem as comunidades.