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Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30)

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) terá inicio oficialmente na próxima segunda-feira (10)

Por Isabel Alvarez

COP30 acontece em Belém (PA) de 10 a 21 de novembro

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) terá inicio oficialmente na próxima segunda-feira (10) em Belém, no Brasil, mas os ativistas já se manifestam no país e reivindicam uma ação mais decisiva por parte dos líderes mundiais.


As reuniões das lideranças, com o presidente da França, Emmanuel Macron, o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen entre outros, além dos painéis de discussão começaram na quinta-feira e os ativistas ambientais projetaram mensagens relativas às alterações climáticas em edifícios emblemáticos do país anfitrião. As instalações exibem slogans como "Os poluidores que paguem" e "Protejam as florestas e as pessoas". Nas imagens ainda aparecem às figuras de líderes políticos mundiais e os pedidos de medidas mais firmes e abrangentes em prol da proteção climática do planeta.

No local da conferência, em Belém, no Pará, ativistas de várias organizações protestaram e exigiram dos políticos uma ação mais enérgica na luta contra as alterações climáticas e projetos mais ambiciosos de sustentabilidade. Um grupo realizou ainda um ato de protesto na cidade com pessoas vestidas como os presidentes Donald Trump, Lula da Silva entre outros cochilando em redes contra o que consideram a morosidade e inércia crônica das autoridades.

Em um ano em que o gás carbônico na atmosfera teve o maior salto já medido na história, a urgência científica colide com a estagnação de muitos dirigentes do mundo e o enfraquecimento do multilateralismo climático. Os ativistas defendem que décadas de cúpulas do clima geram compromissos, entretanto há muito poucas mudanças concretas. Além disso, ressaltam que as temperaturas continuam subindo em todo o globo e que a floresta da Amazônia está vulnerável, assim como os países e os povos mais pobres são os mais afetados. Os defensores do ambiente, em particular as comunidades indígenas, também permanecem enfrentando ameaças e exclusão. Este ano é descrito pelos ambientalistas como momento de implementação, e não de discursos, com apelos para que os líderes ajam com verdadeira determinação.

Por sua vez, o Brasil teve queda de emissões registrada em 2024, um fator que foi possível, principalmente devido à redução do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, mas o país não deve cumprir a meta climática estabelecida para 2025. Enquanto isso, a recente decisão polêmica do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de liberar uma nova extração fóssil, na exploração de petróleo as margens da Foz do Amazonas, contradiz a aposta do Governo brasileiro em se apresentar na COP30 como um exemplo de liderança ambiental. O contraste entre as suas ambições climáticas e a expansão em curso dos combustíveis fósseis fez aumentarem a tensão, levantando questões de credibilidade e responsabilidade, e deve atingir os investimentos internacionais.


Essa semana, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente divulgou dados desanimadores no seu relatório anual, segundo os quais os objetivos climáticos atuais não conseguirão travar o aquecimento global e os compromissos dos países não são suficientes para mitigar os seus efeitos e alcançar as metas do Acordo de Paris. O relatório mostra que as temperaturas globais continuam subindo, apesar de uma leve desaceleração nas emissões. A expectativa é que a Terra ultrapasse 1,5°C acima dos níveis pré-industriais já na próxima década.


No entanto, o documento da ONU apresenta uma perspectiva ligeiramente mais otimista do que nos anos anteriores. As estimativas atuais sugerem um aquecimento entre 2,3 e 2,5 °C até o final do século, supondo que todas as promessas climáticas nacionais sejam completamente implementadas. A projeção do ano passado era de 2,6 a 2,8 °C. Mas, se as metas não forem cumpridas e as nações mantiverem a política climática atual, a perspectiva é que cheguem mesmo a 2,8 graus de aquecimento até 2100. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente observa que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris acrescenta cerca de 0,1 °C ao total.

A chefe do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Inger Andersen, declarou que embora os planos climáticos nacionais tenham proporcionado algum progresso, este está muito aquém do necessário, sublinhando que as soluções já existem. "Desde o rápido crescimento da energia renovável barata até o enfrentamento das emissões de metano, sabemos o que precisa ser feito. Ainda precisamos de cortes de emissões dentro de uma janela cada vez mais apertada, com um cenário geopolítico cada vez mais desafiador", afirmou,