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Furacão Melissa atinge Cuba depois de provocar estragos na Jamaica

Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) classificou o furacão como "extremamente perigoso"

Por AFP

Moradores aguardam nas ruas por comida horas antes da chegada do furacão Melissa à cidade de Santiago de Cuba, em Cuba, em 28 de outubro de 2025. (Foto de YAMIL LAGE / AFP)

O poderoso furacão Melissa atingiu o leste de Cuba nesta quarta-feira (29), com ventos máximos de 195 km/h, depois de perder força e ser rebaixado para categoria 3 após atingir com ventos fortes e chuvas torrenciais a Jamaica.

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) classificou o furacão como "extremamente perigoso" em sua chegada a Cuba, após a passagem pela Jamaica, declarada "zona de desastre" pelas autoridades.

"Melissa tocou o solo na província de Santiago de Cuba, perto da localidade de Chivirico", às 7h10 GMT (4h10 de Brasília), informou o NHC em seu boletim mais recente.

O ciclone, que poucas horas antes havia se fortalecido para categoria 4, provocou 10 mortes: três na Jamaica, três no Haiti, três no Panamá e uma na República Dominicana.

"Melissa deve permanecer como um furacão poderoso enquanto se desloca por Cuba", indicou o NHC.

As autoridades cubanas informaram que 735.000 pessoas abandonaram suas residências, em particular nas províncias de Santiago de Cuba, Holguín e Guantánamo.

Em El Cobre, uma localidade de Santiago de Cuba, agentes da Proteção Civil tentavam resgatar 17 pessoas que ficaram isoladas após a cheia de um rio e um deslizamento de terra, informou o jornal estatal Granma.

"Que não nos faça tanto dano", rogou Floraina Duany, moradora da região, de 82 anos, à Virgem do Cobre, a padroeira de Cuba.

Melissa tocou o solo na Jamaica por volta do meio-dia local de terça-feira como furacão de categoria 5 (a máxima) com ventos máximos sustentados de até 295 km/h, o mais intenso que já afetou a ilha desde o início dos registros meteorológicos.

A tempestade levou horas para atravessar a Jamaica, o que reduziu seus ventos para a categoria 3, antes de uma nova intensificação.

O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, declarou que a ilha é uma "zona de desastre". As autoridades afirmaram que os moradores devem permanecer protegidos devido ao risco contínuo de inundações e deslizamentos de terra.

"Parte de nosso teto foi arrancado pelo vento, outra parte desabou, toda a casa está inundada. As edificações externas, como os currais para os animais e a cozinha, também foram destruídas", declarou à AFP Lisa Sangster, moradora do sudoeste da Jamaica.

Kingston, a capital, foi relativamente pouco afetada, segundo Mathue Tapper, um morador de 31 anos. "Tenho a impressão de que o pior já passou", contou à AFP, embora dissesse estar muito preocupado com as zonas rurais.

As autoridades alertaram a população a ter cuidado com os crocodilos, que, por causa das inundações, poderiam representar uma ameaça.

A potência de Melissa supera a de alguns furacões como o Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans em 2005.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro Holness havia advertido a população sobre as consequências do furacão nas áreas mais atingidas. "Não acredito que haja infraestrutura nesta região que possa resistir a um furacão de categoria 5", declarou.

"Para a Jamaica, será a tempestade do século até agora", afirmou Anne-Claire Fontan, da Organização Meteorológica Mundial.

A ONU anunciou na terça-feira a intenção de enviar por avião cerca de 2.000 kits de emergência à Jamaica a partir de Barbados o mais breve possível.


"Estado de alerta"


As autoridades cubanas declararam "estado de alerta" em seis províncias: Granma, Las Tunas, Holguín, Camagüey, Santiago de Cuba e Guantánamo.

Desde segunda-feira, a população começou a estocar mantimentos e a reforçar os telhados de suas casas com cordas. As aulas e atividades não essenciais foram suspensas.

A previsão era de até um metro de chuva, com inundações repentinas e deslizamentos de terra também previstos no Haiti e na República Dominicana.

No Haiti, as autoridades ordenaram o fechamento de escolas, comércios e escritórios administrativos nesta quarta-feira.

Os cientistas afirmam que a mudança climática causada pelo ser humano intensificou as grandes tempestades, aumentando sua frequência.

O meteorologista Kerry Emanuel explicou que o aquecimento global está fazendo com que mais tempestades se intensifiquem rapidamente, como ocorreu com Melissa, o que aumenta o risco de chuvas extremas.

"A água mata muito mais pessoas do que o vento", disse à AFP.

O último grande furacão que afetou a Jamaica foi Beryl, em julho de 2024, uma tempestade anormalmente forte para essa época do ano.