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Eleições legislativas argentinas podem decidir futuro do governo de Milei

Eleições legislativas de meio de mandato ocorrem no domingo (26)

Por Isabel Alvarez

Presidente da Argentina, Javier Milei

O presidente da Argentina Javier Milei enfrenta um cenário de crescente crise social, um ajuste fiscal que não poupou os setores mais vulneráveis, escândalos de corrupção de aliados próximos, entre os quais envolvendo sua irmã e secretária presidencial, Karina Milei, e queda nas sondagens de sua popularidade. As manifestações de protesto nas ruas tem sido frequentes. Neste contexto, o governo de Milei se encontra enfraquecido para encarar às eleições legislativas de meio de mandato, no domingo (26), e o pleito servirá como um termômetro político.

O líder argentino busca ampliar sua base no Congresso para avançar com suas reformas de austeridade, sobretudo econômicas, e precisa ao menos manter ou ampliar a sua atual bancada, uma vez que metade da Câmara e um terço do Senado serão renovados, com 127 novos deputados e 24 senadores. A oposição peronista atualmente tem a maior minoria em ambas as casas. Enquanto, o partido de Milei tem somente 37 deputados e seis senadores. A maioria das pesquisas mostra uma disputa acirrada entre o La Libertad Avanza, de Milei, e a coalizão peronista, Fuerza Patria. Caso a oposição conquiste um terço da Câmara, Milei corre o risco de sofrer até um impeachment. Mas, os especialistas apontam que se o governo tiver êxito nas eleições deve ser por uma margem pequena, no entanto garantirá a aprovação de medidas mínimas e reduzirão os vetos as suas propostas.

Apesar do superávit fiscal, a forte desaceleração da inflação e o apoio dos Estados Unidos, o desemprego também cresceu (7,6%), além da queda do poder de compra, o congelamento salarial e a desvalorização da moeda. O crescimento lento da economia, os cortes profundos nos gastos públicos e as recentes alegações de corrupção abalaram o partido La Libertad Avanza. Também uma perda importante numa eleição local em Buenos Aires ainda fez com que os mercados argentinos despencassem e o peso atingisse uma baixa histórica.

Milei não possui maioria parlamentar e tem governado sob decretos, os quais permitiram, por exemplo, cortes de subsídios e revogar leis vigentes. No combate a inflação, que é sua principal bandeira política, Milei manteve o valor do peso argentino artificialmente valorizado, o que fez a economia perder competitividade. Em média, 28 empresas fecham por dia, um número superior da época da pandemia, 236 mil empregos registrados se extinguiam e 86% das pessoas dizem que o dinheiro não chega ao final do mês.

Segundo um relatório da respeitada Universidade Torcuato Di Tella, a confiança da população no governo caiu 8,2% em setembro, um mês antes da corrida eleitoral de outubro. Por sua vez, as disputas mais relevantes da eleição do próximo domingo acontecerão na província de Buenos Aires, densamente povoada, onde um grande número de cadeiras está em disputa.

"O Governo Milei chega à reta final desta corrida eleitoral desgastado pela situação econômica doméstica da maioria da população. Independentemente do setor social, todos relatam grandes dificuldades econômicas. Se a isso somarmos as denúncias de corrupção que sempre afetam mais numa situação de crise, o panorama do governo se complica", avaliou a analista política Shila Vilker, diretora da consultora Trespuntozero, especializada em opinião pública.

Já o presidente dos EUA, Donald Trump chegou a afirmar no último encontrou que teve na Casa Branca com Milei, na terça-feira (14), que um maior apoio ao país sul-americano estaria sujeito ao sucesso do partido do líder argentino nessas eleições. Entretanto, o Banco Central da Argentina assinou recentemente um acordo de estabilização da taxa de câmbio de US$ 20 bilhões com o Departamento do Tesouro dos EUA e uma possível linha de crédito de US$20 bilhões, apoiada por bancos norte-americanos, poderá ser efetuada em breve.