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EUA alertam Israel que anexação da Cisjordânia ameaça trégua em Gaza

O projeto de lei que propõe anexar a Cisjordânia foi aprovado pelos deputados na votação do Parlamento israelense

Por Isabel Alvarez

Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, alertou que a votação, que ocorreu na quarta-feira (22) no Parlamento israelense (Knesset) sobre projetos de lei que visam estender a soberania de Israel na Cisjordânia ameaça a trégua na Faixa de Gaza.

“Estas medidas de anexação são uma ameaça para o acordo de paz. Embora os Estados Unidos reconheçam que Israel é um país democrático, quero dizer, é uma votação no Knesset, sim, mas obviamente acho que o presidente Donald Trump deixou claro que não é algo que apoiaremos neste momento, e achamos que é potencialmente ameaçador para o acordo de paz. A anexação da Cisjordânia é vista como contraproducente por Washington. Estamos preocupados com qualquer coisa que ameace desestabilizar aquilo em que trabalhamos”, disse o secretário de Estado norte-americano.

O projeto de lei que propõe anexar a Cisjordânia foi aprovado pelos deputados na votação do Parlamento israelense. Esta foi à primeira de três votações necessárias para que a proposta se converta em lei.

“Isso não vai acontecer. Isso não vai acontecer porque eu dei a minha palavra aos países árabes, e não se pode fazer isso agora. Tivemos um grande apoio árabe. Não vai acontecer. Israel perderia todo o apoio dos Estados Unidos se isso acontecesse”, declarou Trump em entrevista à revista Time.

Já o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, apontou nesta quinta-feira que o cessar-fogo na região está sólido. "Podemos afirmar com confiança que Israel está respeitando o cessar-fogo, o Hamas está respeitando o cessar-fogo. Há exceções, pequenas violações aqui e ali, o que é de se esperar quando essas duas partes estão em guerra há dois anos, mas até agora o cessar-fogo está sendo mantido", indicou Vance,

Vance também reforçou que a política de Trump continua a ser que a Cisjordânia ocupada não será anexada por Israel.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, reiterou que Tel Aviv Israel está empenhada em trabalhar para o sucesso do plano de Trump para Gaza.

Mas, existem ainda relatos de ataques no território palestino na Cisjordânia ocupada na madrugada de hoje, além de terem acontecido detenções em Ramallah e na província de El-Bireh. As incursões das forças militares israelenses aconteceram horas após a advertência de Rubio contra a anexação, que argumentou contra as ações tomadas pelo Parlamento e a violência dos colonos, uma vez que põe em risco o acordo de paz no enclave.

Novos ataques a Gaza

Enquanto isso, o exército israelense voltou a bombardear Gaza, apesar do cessar-fogo em vigor. As autoridades de Khan Younis, no sul da região, relataram que na zona de Sheikh Nasser morreu pelo menos um palestino e duas pessoas ficaram feridas.

Sheikh Nasser fica situada junto à designada "linha amarela", o ponto de demarcação para o qual as tropas israelenses se retiraram em Gaza, seguindo o acordo de trégua. A população de Gaza está proibida de se aproximar da linha de demarcação.

Fontes do Hospital Nasser, em Khan Younis, confirmaram à Al Jazeera que os disparos das forças israelitas vitimaram uma pessoa perto de Bani Suhaila, junto ao centro da cidade.

Desde que o cessar-fogo entre as partes entrou em vigor, dezenas de palestinos já morreram em Gaza. Somente nas últimas 24 horas, 13 corpos foram recuperados pelas equipes de resgate e 32 corpos também foram identificados.

O Ministério da Saúde de Gaza atualizou o número total confirmado de mortos na guerra para 68.280 e 170.375 feridos.