Aumento da violência no Haiti leva MSF a fechar centro de emergência
Atualmente 90% da capital haitiana é controlada por grupos criminosos
A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou hoje que a violência na capital do Haiti a obrigou a encerrar permanentemente o seu centro de cuidados de emergência em Porto Príncipe, um núcleo de apoio essencial a população. Atualmente 90% da capital do país, que é a maior cidade haitiana, é controlada por grupos criminosos.
O centro tratou mais de 100 mil pacientes de 2021 a março de 2025. O MSF também informou que mais de 60% das instalações de saúde em Porto Príncipe, incluindo o hospital geral do Haiti, estão agora fechadas ou não estão funcionando pó causa do aumento da violência das gangues.
Em março deste ano, o centro de emergência do MSF ficou temporariamente fechado após homens armados terem atirado contra quatro veículos da organização que estavam evacuando do local o pessoal. Mas, alguns funcionários chegaram a ser feridos pelos tiros. "O prédio já foi atingido várias vezes por balas perdidas devido à sua localização próxima às zonas de combate, o que tornaria a retomada das atividades muito perigosa tanto para os pacientes quanto para os funcionários", contou Jean-Marc Biquet, chefe de missão de MSF no Haiti.
Segundo a Organização das Nações Unidas, de janeiro a junho deste ano, mais de 3.100 pessoas já foram mortas no Haiti e pelo menos 1.100 ficaram feridas. No ano passado, mais de 5.600 pessoas foram mortas, um crescimento de 20% em relação a 2023, de acordo com dados divulgados pelo Gabinete dos Direitos Humanos da ONU em janeiro.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência da ONU, relata que a intensa e frequente violência das gangues deslocou um número recorde de 1,4 milhões de pessoas, um aumento de 36% desde o final de 2024. Sendo que quase dois terços das novas deslocações foram registradas fora de Porto Príncipe, principalmente na região central do Haiti. “Enquanto isso, os abrigos improvisados aumentaram de 142 em dezembro para 238 até agora em 2025”, diz a OIM.
Desde o assassinato do então presidente Jovenel Moïse, em 2021, o Haiti foi tomado pelo agravamento contínuo da violência de grupos armados, que agora controlam praticamente a capital. O envio de uma força de segurança multinacional apoiada pelas Nações Unidas, em junho passado, teve pouco impacto ou provocou alguma mudança no cenário até o momento.