Zelensky acusa Rússia de usar esquadra fantasma para lançar drones contra a Europa
Segundo o presidente ucraniano, as informações estão sendo compartilhadas com os aliados, destacando que é importante que a resposta deles à Rússia seja real
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou hoje Moscou de usar a chamada frota fantasma, que burla as sanções impostas pelo ocidente, para também lançar drones contra o continente europeu. "Atualmente, os russos estão utilizando petroleiros não apenas para ganhar dinheiro para a guerra, mas ainda para atividades de reconhecimento, sabotagem e operações de desestabilização na Europa. Estes navios são usados como rampas de lançamento dos drones que têm invadido o espaço aéreo de vários países da Europa. Mas, é perfeitamente possível impedir isso", revelou, após ter recebido um relatório do chefe da inteligência externa da Ucrânia.
Segundo Zelensky, as informações estão sendo compartilhadas com os aliados, destacando que é importante que a resposta deles à Rússia seja real. “A esquadra fantasma russa serve para outros fins, como a promoção da "guerra híbrida" contra a Europa”, afirma.
Riscos da guerra híbrida
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também alertou sobre os perigos da "guerra híbrida" lançada pelo Kremlin. "Cada centímetro da União Europeia deve ser protegido. Algo novo e perigoso está a acontecer nos nossos céus: nas últimas duas semanas, caças MiG violaram o espaço aéreo da Estônia e drones sobrevoaram locais críticos na Bélgica, Polônia, Romênia, Dinamarca e Alemanha. Juntos, preservaremos a paz onde quer que ela seja ameaçada, mas não se enganem. Isto faz parte de um padrão preocupante de ameaças crescentes”, declarou no debate sobre infraestruturas críticas no Parlamento Europeu.
Von der Leyen assinalou, além disso, cabos submarinos cortados, infraestruturas alvos de ciberataques e de eleições atacadas por campanhas de influências malignas. Para a líder da Comissão Europeia, um incidente pode ser um erro, dois uma coincidência. "Mas três, cinco, 10? Trata-se de campanhas deliberadas e direcionadas contra a Europa, numa zona cinzenta e a Europa deve responder. Temos de investigar todos os incidentes e não devemos ter receio de atribuir responsabilidades porque cada centímetro quadrado do nosso território deve ser protegido. Estes incidentes não são assédio aleatório, mas sim parte de uma campanha coerente e crescente para perturbar os nossos cidadãos, testar a nossa determinação, dividir a nossa União e enfraquecer o nosso apoio à Ucrânia. Por isso, é hora de chamar as coisas pelos seus nomes: trata-se de uma guerra híbrida", defendeu.
A UE iniciou a preparação de medidas como a criação um 'muro de drones' no leste europeu para impedir incursões russas. Já a Alemanha pretende oferecer à polícia o poder de abater este tipo de drones em caso de violação do espaço aéreo do país. No entanto, a lei precisa ainda ser aprovada no parlamento.
Enquanto isso, a Thales Bélgica, um dos principais produtores de sistemas de defesa antiaérea do mundo, confirmou que diversas das suas fábricas ultrassecretas estão sendo sobrevoadas por um número cada vez maior de drones e pede às autoridades regras mais claras para poder deter o problema. "Estamos vendo mais drones do que há alguns meses", garantiu Alain Quevrin, diretor nacional da empresa, salientando que a Thales Bélgica investe massivamente em capacidades de detenção junto das suas instalações, porém não têm permissão legal para abater as aeronaves