Ataque do Hamas contra Israel completa dois anos
A data foi assinalada em Israel com um minuto de silêncio e várias homenagens às vitimas
Nesta terça-feira (07) completa dois anos dos múltiplos ataques do Hamas contra o território israelense, que causaram a morte de cerca de 1.200 pessoas. Foram feitos ainda mais de 250 reféns, dos quais 148 já foram libertados.
A data foi assinalada em Israel com um minuto de silêncio e várias homenagens às vitimas em Reim, no local que ocorreu o festival de música Nova, onde centenas de pessoas foram mortas e muitas sequestradas. No deserto de Negev, um mural com retratos também lembrou os mortos durante a festa tecno.
Em Tel Aviv à noite está prevista também uma cerimônia organizada por iniciativa das famílias das vítimas na emblemática ‘Praça dos Reféns’, epicentro da mobilização pela libertação de todas as pessoas raptadas. Mas, os cerimoniais oficiais estão previstas para 16 de outubro, após as festas judaicas de Sucot. Um memorial separado do governo será realizado no aniversário do calendário hebraico, na próxima semana, no cemitério nacional de Israel, no Monte Herzl.
O ataque do Hamas provocou a retaliação de Israel e desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, com a promessa do governo israelense de destruir o grupo terrorista. O conflito gerou uma catástrofe humanitária, com praticamente a destruição de 90% do enclave palestino, um saldo até o momento de aproximadamente 67 mil mortos, além de pelo menos 170 mil feridos, na maioria civis, dentre os quais milhares de mulheres e crianças.
O aniversário do ataque do Hamas também foi lembrado hoje por muitos líderes mundiais, que dizem não esquecer o "horror" daquele dia e apelam à paz.
"O antissemitismo na Alemanha é vergonhoso. Agora e sempre. Vamos apoiar o povo judeu do nosso país, hoje, no marco de dois anos do brutal ataque do Hamas a Israel, e em todos os outros dias", disse Friedrich Merz, chanceler alemão.
“Dois anos após o horror indizível do terrorismo do Hamas, a dor continua profunda. Não esquecemos. Estamos solidários com todas as vítimas, incluindo 51 dos nossos concidadãos. Pensamos também nos 48 reféns ainda detidos pelo Hamas. Trabalhamos incansavelmente pela sua libertação. Reitero o apelo da França: a libertação de todos os reféns e um cessar-fogo devem ocorrer sem demora. Partilhamos a dor das famílias enlutadas e a angústia daqueles que ainda aguardam. Tal abominação nunca mais deverá acontecer. Unamos todas as nossas forças para combater o antissemitismo em todo o lado e construir a paz" , escreveu nas redes sociais o presidente francês Emmanuel Macron.
"Hoje completamos dois anos desde os terríveis ataques a Israel por parte dos terroristas do Hamas, a 7 de outubro de 2023. O tempo não diminui o mal que vimos nesse dia. O pior ataque ao povo judeu desde o Holocausto. A tortura brutal e a sangue frio e o assassinato de judeus nas suas próprias casas. E a tomada de reféns, incluindo cidadãos britânicos, alguns dos quais permanecem em Gaza até hoje. A nossa prioridade no Oriente Médio continua a ser a mesma: libertar os reféns. Intensifique a ajuda humanitária em Gaza. E um cessar-fogo que possa conduzir a uma paz duradoura e justa, como um passo em direção a uma solução de dois Estados. Um Israel seguro e protegido, juntamente com um Estado palestino viável. Saudamos a iniciativa dos EUA em prol da paz no Médio Oriente, e este governo fará tudo o que estiver ao nosso alcance para concretizar o dia em que cada criança de Israel possa viver em paz, ao lado dos seus vizinhos palestinos, em segurança e proteção", afirmou Keir Starmer, primeiro-ministro britânico.
"Há dois anos, o Hamas e outros grupos armados palestinos lançaram um abominável ataque terrorista de grande escala contra Israel. Neste dia, recordamos de todos aqueles que foram mortos e sofreram uma violência terrível. O horror desse dia negro ficará para sempre gravado na memória de todos nós. Dois anos depois, os reféns continuam presos em Gaza em condições deploráveis. Já o disse inúmeras vezes e repito hoje com ainda mais urgência: Libertem os reféns, incondicional e imediatamente. Acabem com o sofrimento de todos. Esta é uma catástrofe humanitária a uma escala que desafia a compreensão. Acabem já com as hostilidades em Gaza, em Israel e na região. Parem de fazer os civis pagar com as suas vidas e os seus futuros. Após dois anos de trauma, devemos escolher a esperança. Agora", declarou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Negociações indiretas entre Israel e Hamas
As negociações indiretas entre Israel e o Hamas sobre os detalhes e acertos sobre a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,, que começaram na segunda-feira (06) no Egito, com o objetivo de pôr fim à guerra em Gaza, foram consideradas positivas. O processo das conversações foi retomado hoje em Sharm el-Sheikh, na Península do Sinai.
O plano de 20 pontos de Trump especifica um cessar-fogo imediato, uma troca de todos os reféns detidos pelo Hamas por prisioneiros palestinos detidos por Israel, uma retirada israelense gradual de Gaza, o desarmamento do Hamas e a introdução de um governo de transição liderado por um organismo internacional.
Durante esta primeira fase das negociações, mediadores do Egito e do Catar trabalham com os dois lados para preparar as condições para a libertação dos restantes 48 reféns, em troca de 1.700 prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses, e para determinar a data de uma trégua temporária. Trump também destacou para as conversações o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff e o seu genro Jared Kushner.
No entanto, uma das principais condições do Hamas desde o início da guerra tem sido a retirada completa de Israel de Gaza em troca da libertação dos restantes reféns. E, apesar do grupo ter indicado a sua disponibilidade para renunciar à autoridade administrativa, tem consistentemente afastado a possibilidade de desarmamento.