Trio vence Nobel de Física por descoberta do efeito túnel quântico
O prêmio de Física é o segundo Nobel da temporada, depois que o de Medicina foi concedido na segunda-feira (6)
O britânico John Clarke, o francês Michel H. Devoret e o americano John M. Martinis venceram o Prêmio Nobel de Física nesta terça-feira (7) por suas pesquisas na área da mecânica quântica.
O trio foi premiado "pela descoberta do efeito túnel quântico macroscópico e da quantização de energia em um circuito elétrico", observou o júri.
A mecânica quântica estuda o comportamento da matéria e da energia em escalas extremamente pequenas. Por exemplo, na escala macroscópica, quando uma bola normal bate em uma parede, ela ricocheteia. Na escala quântica, uma partícula pode atravessar diretamente uma barreira semelhante. Este fenômeno é conhecido como "efeito túnel".
Os laureados, reconhecidos por experiências realizadas na década de 1980, demonstraram que o efeito túnel quântico também pode ser observado em escala macroscópica usando supercondutores.
Em uma série de experimentos, os pesquisadores demonstraram que "as estranhas propriedades do mundo quântico podem se manifestar em um sistema suficientemente grande para caber na mão", afirmou a Academia Real das Ciências da Suécia em um comunicado.
"A surpresa da minha vida"
O Comitê do Nobel destacou que estas descobertas "abriram caminho para o desenvolvimento da próxima geração de tecnologias quânticas, em particular a criptografia quântica, os computadores quânticos e os sensores quânticos".
"É maravilhoso poder celebrar como a mecânica quântica, com mais de um século de antiguidade, continua oferecendo surpresas", declarou Olle Eriksson, presidente do Comitê do Nobel de Física, em um comunicado. "Também é extremamente útil, já que a mecânica quântica é a base de toda a tecnologia digital", acrescentou.
Clarke, de 83 anos, leciona na Universidade de Berkeley, Califórnia, e Devoret, de 72, é professor na Universidade de Yale e na Universidade da Califórnia, à qual também está ligado Martinis, nascido em 1958.
"Para dizer suavemente, foi a surpresa da minha vida", declarou Clarke a jornalistas por telefone ao saber da notícia.
"Nunca pensei de forma alguma que isso (o trabalho da década de 1980) pudesse ser a base de um Nobel", acrescentou, explicando que estavam tão concentrados em seus experimentos que não perceberam suas aplicações práticas.
"Nunca nos passou pela cabeça que esta descoberta teria um impacto tão significativo", afirmou.
Celulares
Quando perguntado sobre como suas descobertas impactaram a vida cotidiana, Clarke destacou que estava falando com o público através de seu celular.
"Uma das razões fundamentais pelas quais o celular funciona é graças a todo esse trabalho", afirmou.
O prêmio de Física é o segundo Nobel da temporada, depois que o de Medicina foi concedido na segunda-feira aos cientistas americanos Mary E. Brunkow e Fred Ramsdell e ao japonês Shimon Sakaguchi por suas "descobertas sobre a tolerância imunológica periférica", anunciou o Comitê em um comunicado.
No ano passado, o Nobel de Física foi concedido ao americano John Hopfield e ao britânico-canadense Geoffrey Hinton por seus trabalhos pioneiros sobre aprendizagem automática, uma ferramenta utilizada no desenvolvimento da inteligência artificial.
A premiação continua nesta semana com o anúncio do Nobel de Química na quarta-feira, seguido pelos aguardados de Literatura na quinta e da Paz na sexta. O de Economia encerrará a temporada na segunda-feira, 13 de outubro.
Concedidos desde 1901, os Prêmios Nobel honram aqueles que, nas palavras de seu criador e cientista Alfred Nobel, "proporcionaram o maior benefício à humanidade".
O vencedor recebe um cheque de 11 milhões de coroas suecas, o equivalente a 5,32 milhões de reais.