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Governo dos EUA declara Chicago 'zona de guerra'

Na noite de ontem, Trump autorizou o envio de 300 soldados da Guarda Nacional para Chicago

Por AFP

Agente da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) monta guarda enquanto centenas de manifestantes se reúnem perto de uma instalação do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) se opõem à detenção de imigrantes indocumentados após a ordem do presidente Donald Trump de aumentar a presença federal e intensificar a fiscalização da imigração por meio do Departamento de Segurança Interna em Broadview, Illinois, em 3 de outubro de 2025. O presidente dos EUA, Donald Trump, que fez campanha prometendo deportar um grande número de migrantes, encorajou as autoridades a serem mais agressivas enquanto busca atingir sua meta amplamente divulgada de um milhão de deportações anualmente. (Foto de OCTAVIO JONES / AFP)

O governo dos Estados Unidos classificou neste domingo Chicago como "zona de guerra", para justificar o envio de soldados contra a vontade da administração democrata da cidade. Ao mesmo tempo, tropas do estado da Califórnia foram enviadas para o Oregon, apesar do bloqueio dessa medida pela Justiça.

A oposição acusa o presidente republicano, que lançou uma ofensiva contra o crime e a imigração, de exercer o poder de forma autoritária.

Na noite de ontem, Donald Trump autorizou o envio de 300 soldados da Guarda Nacional para Chicago, terceira maior cidade dos Estados Unidos, apesar da oposição de autoridades locais, incluindo o governador do estado de Illinois, cuja capital é Chicago, J.B. Pritzker.

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, defendeu a medida neste domingo, afirmando à Fox News que Chicago é "uma zona de guerra".

No programa "State of the Union" da CNN, Pritzker acusou os republicanos de tentar semear o caos. "Eles querem criar uma zona de guerra para poder enviar ainda mais tropas. Eles precisam sair daqui o mais rápido possível", disse.

Uma pesquisa da CBS publicada neste domingo revelou que uma minoria de americanos, 42%, apoia o envio da Guarda Nacional para as cidades, enquanto 58% se opõem.

Trump, que na última terça-feira falou sobre usar o exército para uma "guerra interna", não dá sinais de recuar em sua campanha de linha dura.

"Portland está em chamas. Há insurgentes por toda parte", disse ele neste domingo, sem apresentar provas.

O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, reproduziu a retórica do presidente ao declarar no programa "Meet the Press", da NBC, também neste domingo, que as tropas enviadas a Washington, capital dos Estados Unidos, haviam se deslocado para uma "zona de guerra literal".


Mobilização no Oregon

A campanha de Trump para recorrer ao exército para manter a segurança interna encontrou um obstáculo na noite de ontem em Portland, Oregon, quando um tribunal determinou que o destacamento militar na cidade era ilegal. Ainda assim, a governadora do Oregon, Tina Kotek, anunciou hoje que um contingente de 101 soldados da Guarda Nacional procedente da Califórnia havia sido enviado.

"Essa decisão parece ter a intenção de contornar a sentença de ontem de uma juíza federal", disse Tina. "Não há necessidade de uma intervenção militar no Oregon. Não há uma rebelião em Portland."

Trump descreveu diversas vezes Portland como uma "cidade devastada pela guerra", mas a juíza federal Karin Immergut emitiu ontem um bloqueio temporário à mobilização, argumentando que "a determinação do presidente simplesmente não corresponde aos fatos".

Embora Portland tenha sofrido ataques isolados contra agentes e propriedades federais, o governo Trump não conseguiu mostrar "que esses episódios de violência fazem parte de uma tentativa organizada de derrubar o governo" que justificasse o uso da força militar, afirmou a juíza.

Um dos principais assessores de Trump, Stephen Miller, chamou a ordem da juíza de "insurreição legal".

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, somou-se às críticas em uma mensagem no X, que imitava o estilo do presidente republicano.

"ÚLTIMA HORA: Acabamos de vencer no tribunal, de novo", comemorou. "Um juiz federal BLOQUEOU a tentativa ilegal de Donald Trump de DESLOCAR 300 EFETIVOS DAS NOSSAS TROPAS DA GUARDA NACIONAL PARA PORTLAND."

"O abuso de poder de Trump não prevalecerá", prometeu Newsom, afirmando que o envio da Guarda Nacional da Califórnia para o Oregon não tem a ver com a criminalidade. "Tem a ver com poder. Ele está usando nossos militares como peões políticos para alimentar seu ego."

Tiros em Chicago

Além do destacamento de tropas, a ofensiva de Trump é liderada pelo Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE, sigla em inglês), uma agência que cresce rapidamente, tanto em pessoal quanto em funções.

As operações do ICE em todo o país, principalmente em cidades governadas por democratas, são frequentemente realizadas por homens mascarados e armados que se deslocam em carros sem identificação e blindados.

No sábado, em Chicago, um agente federal atirou contra um motorista que, segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês), estava armado e investiu contra uma de suas patrulhas.

Em 12 de setembro, agentes do ICE mataram Silverio Villegas González, um imigrante de 38 anos que teria tentado escapar durante uma abordagem de trânsito, quando seu veículo colidiu com uma viatura.