Síria: eleitores vão às urnas pela primeira vez desde queda de Bashar Assad
A Síria realiza eleições parlamentares neste domingo, 5, pela primeira vez desde a queda do ditador Bashar Assad, deposto em uma ofensiva rebelde em dezembro. O pleito não será um processo totalmente democrático. A maioria dos assentos da Assembleia Popular será votada por colégios eleitorais em cada distrito, enquanto um terço dos assentos será diretamente nomeado pelo presidente interino Ahmad al-Sharaa.
Apesar de não ser decididos por voto popular, os resultados das eleições serão considerados um termômetro de quão sérias as autoridades interinas são em relação à inclusão, particularmente de mulheres e minorias.
A Assembleia Popular tem 210 assentos. Um total de 7 mil membros de colégios eleitorais em 60 distritos, escolhidos a partir de um pool de candidatos em cada distrito por comitês nomeados para esse fim, devem votar em 140 assentos.
No entanto, as eleições na província de Sweida e em áreas do nordeste controladas pelas Forças Democráticas Sírias lideradas pelos curdos foram adiadas indefinidamente devido a tensões entre as autoridades locais nessas áreas e o governo central em Damasco, o que significa que esses assentos permanecerão vazios. Na prática, portanto, cerca de 6 mil membros de colégios eleitorais votarão em 50 distritos para cerca de 120 assentos.
O maior distrito é o que contém a cidade de Aleppo, onde 700 membros de colégios eleitorais votarão para preencher 14 assentos, seguido pela cidade de Damasco, com 500 participantes votando para 10 assentos.
Sob o domínio de 50 anos da dinastia Assad, a Síria realizava eleições regulares nas quais todos os cidadãos sírios podiam votar. Mas, na prática, o Partido Baath liderado por Assad sempre dominou o parlamento, e as eleições eram consideradas fraudulentas. A única parte verdadeiramente competitiva do processo ocorria antes do dia da eleição: com as primárias internas no Partido Baath, quando os membros da legenda disputavam posições na lista.
As autoridades interinas disseram que seria impossível criar um registro de eleitores preciso e conduzir um voto popular neste estágio, dado que milhões de sírios foram deslocados interna ou externamente pela guerra civil de quase 14 anos do país e muitos perderam documentos pessoais.
O parlamento terá um mandato de 30 meses, durante o qual o governo deve preparar o terreno para um voto popular nas próximas eleições.
fonte: Estadão Conteudo