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Israel vai deportar ativistas da flotilha de Gaza; deputada do PT está entre tripulantes

A flotilha Global Sumud partiu de Barcelona no início de setembro com quase 45 embarcações

Por AFP

A ativista climática sueca Greta Thunberg (à dir.) é vista a bordo de uma embarcação de uma flotilha civil, transportando ativistas pró-Palestina e ajuda humanitária e com o objetivo de romper o bloqueio israelense à Faixa de Gaza, permanecendo atracada no porto de Barcelona em 1º de setembro de 2025, após ser forçada a retornar devido ao mau tempo. Ativistas a bordo de uma flotilha de ajuda com destino a Gaza disseram que navios de guerra israelenses cercaram várias de suas embarcações na quarta-feira e que a interceptação dos principais navios estava em andamento. "Os navios de guerra estão se aproximando para interceptar a flotilha — faltam apenas 81 milhas náuticas para Gaza", disse o contingente do Magrebe da Flotilha Global Sumud em um comunicado. A política francesa Marie Mesmeur e a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan também relataram que seus barcos estavam sendo interceptados.

Israel anunciou, nesta quinta-feira (2), que deportará para a Europa os ativistas pró-palestinos de uma flotilha de ajuda que seguia para Gaza e afirmou que nenhum barco rompeu o bloqueio naval ao território palestino.

A flotilha Global Sumud ("sumud" significa "resiliência" em árabe) partiu de Barcelona no início de setembro com quase 45 embarcações e centenas de ativistas de mais de 45 países. 

A Marinha israelense começou na quarta-feira (1º) a interceptar os barcos, após uma advertência para que não entrassem em águas que estão sob o bloqueio a Gaza.

Segundo a ONU, o território palestino enfrenta um cenário de fome em meio a uma ofensiva de Israel, lançada em represália ao ataque do movimento islamista palestino Hamas em 7 de outubro de 2023.

"Nenhum dos iates de provocação do Hamas-Sumud teve sucesso em sua tentativa de entrar em uma zona de combate ativa ou romper o bloqueio naval legal", afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.

"Um último barco desta provocação permanece à distância. Caso se aproxime, também será impedido em sua tentativa de entrar em uma zona ativa de combate e romper o bloqueio", acrescentou.

O chanceler grego, George Gerapetritis, afirmou que os passageiros dos navios interceptados apresentavam "boa saúde" e estavam sendo transportados para o porto israelense de Ashdod.

Israel anunciou que deportará para a Europa todos os ativistas da flotilha, mas não citou um país ou países.

"Os passageiros estão a salvo e com boa saúde", afirmou o Ministério das Relações Exteriores em uma mensagem publicada na rede social X, ao lado de fotos da ativista sueca Greta Thunberg e outros integrantes da flotilha.

Reações da comunidade internacional

Os organizadores da Global Sumud (que significa "resiliência" em árabe) denunciaram as interceptações como "um ataque ilegal" ocorrido em águas internacionais.

A notícia sobre a interceptação dos barcos da flotilha gerou preocupação internacional, em particular nos países de origem dos ativistas.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que a ação mostra "novamente a brutalidade de Israel" e "a loucura de seus líderes genocidas tentando esconder seus crimes contra a humanidade em Gaza".

A Procuradoria-Geral do país também anunciou a abertura de uma investigação sobre a detenção de 24 turcos entre os passageiros da flotilha.

A Espanha convocou a encarregada de negócios de Israel em Madri, anunciou o ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares. Mais de 60 espanhóis integram a flotilha.

O Brasil condenou a interceptação militar israelense da flotilha na qual viajavam 15 cidadãos brasileiros, entre eles a deputada federal Luizianne Lins.

"O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica", afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado. "No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas", acrescenta a nota.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, expulsou na quarta-feira a delegação diplomática de Israel em Bogotá, após denunciar que duas colombianas foram "detidas" e exigir sua "liberação imediata".

O governo do México informou que três dos sete mexicanos que participavam da flotilha foram detidos e pediu "garantia de que seus direitos e integridade sejam respeitados".

O movimento islamista Hamas condenou a interceptação da flotilha como um "crime de pirataria e terrorismo marítimo".

"Intimidação"

Após zarpar da Espanha, a flotilha fez uma escala de 10 dias na costa da Tunísia, onde os organizadores relataram dois ataques com drones e denunciaram que dois barcos foram submetidos a "manobras hostis" por parte de Israel.

A Global Sumud havia prometido prosseguir com os esforços para romper o cerco israelense e entregar ajuda a Gaza, apesar do que chamou de táticas de 'intimidação' do Exército israelense.

Após os ataques de drones, Itália e Espanha mobilizaram navios militares para escoltar a flotilha, que também contava com as presenças do neto de Nelson Mandela, Mandla Mandela, e da ex-prefeita de Barcelona Ada Colau.

Mas na quarta-feira, o governo espanhol pediu para que os barcos não entrassem na zona de exclusão declarada por Israel, que se estende a 150 milhas náuticas de Gaza, e advertiu que sua fragata não entraria na região, mesma decisão tomada pelo navio italiano.

Israel bloqueou campanhas similares com flotilhas em junho e julho.