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Flotilha de ajuda internacional a Gaza entrou em zona de alto risco

Israel bombardeou a zona central da Faixa de Gaza com intensidade na última noite (30)

Por Isabel Alvarez

Membros do grupo de navios da Flotilha Global Sumud para Gaza são vistos atracados na pequena ilha de Koufonisi, ao sul da ilha de Creta, em 26 de setembro de 2025. Após um suposto ataque de drones na manhã de 25 de setembro de 2025, Atenas afirmou que garantirá a segurança da navegação em suas águas. A Flotilha Global Sumud, que transportava ativistas, incluindo a ambientalista sueca Greta Thunberg, culpou Israel por mais de uma dúzia de explosões ouvidas ao redor de seus navios na costa da Grécia, no final de 24 de setembro de 2025. (Foto de Eleftherios ELIS / AFP)

A Global Sumud, flotilha internacional de ajuda humanitária se aproxima da Faixa de Gaza e a tripulação reconhece os elevados riscos uma vez que vários navios não identificados rondaram as embarcações do grupo.

"Neste momento diria que estamos a cerca de 110 milhas náuticas de Gaza, portanto, bastante próximos. Mas, esta região só é uma zona de risco porque Israel mantém um bloqueio ilegal, um cerco ilegal a Gaza", afirmou Miguel Duarte, ativista português que participa da missão, acrescentando que já passaram de alguns dos pontos onde flotilhas anteriores foram paradas.

Na noite passada, houve relatos de embarcações não identificadas e sem iluminação que se aproximaram da flotilha e que, segundo Duarte fizeram manobras muito perigosas e que quase resultaram numa colisão com os navios principais da flotilha.


“Começaram a fazer alguns círculos à volta da flotilha e notamos que todas as comunicações das embarcações ficaram bloqueadas imediatamente", contou, destacando que os navios não estavam identificados, mas que aparentavam serem navios militares. “No entanto restam poucas dúvidas sobre quem tem interesse em fazer isto”, sublinhou.

A entrar numa zona considerada perigosa, os ativistas sabem que os riscos são altos, mas que é necessário fazer isto "Não devíamos estar aqui. Só estamos aqui porque os países não estão cumprindo a sua responsabilidade de fazer tudo ao seu alcance para acabar com o genocídio. Porém, a tripulação esta esperançosa de chegar a Gaza, visto que esta é a maior flotilha que já tentou entrar no território. Por outro lado, sabemos daquilo que Israel é capaz. E, portanto, temos algum receio do que se pode passar hoje, mas estamos absolutamente determinados a prosseguir com a missão", diz a equipe a bordo.

Israel ameaçou os ativistas e entidades de 44 países que compõem a missão humanitária antes mesmo da flotilha ter partido da cidade de Barcelona, na Espanha. "Nós nunca sabemos muito bem o que vai acontecer. É preciso que haja responsabilização. É preciso que os Estados façam muito mais para proteger a flotilha e acabar com o genocídio em Gaza", afirmou Duarte.

Sobre os relatos de ataques com drones, o ativista também confirmou que quase foram atingidos por um dispositivo incendiário atirado por um drone, ao largo da costa da Tunísia. "Tivemos de apagar um fogo. No dia seguinte, houve outro navio que foi atingido. E tivemos uma noite em que houve cerca de 14 incidentes, 11 dos quais foram explosões que destruíram algumas das velas dos nossos navios", reportou.

Entretanto, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, instou que a frota internacional parasse o percurso. “Por favor, transfiram qualquer ajuda que possam ter pacificamente através do Porto de Chipre, da Marina de Ashkelon ou de qualquer outro porto da região para Gaza”, apelou.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu nesta quarta-feira (01) ao premiê israelense Benjamin Netanyahu que não ameace a flotilha e que não ponha em causa a segurança dos ativistas.

Uma fragata espanhola que acompanha a flotilha desde a passada sexta-feira já está estacionada em águas internacionais, pronta para qualquer resgate que seja necessário.

Enquanto isso, Israel bombardeou a zona central da Faixa de Gaza com intensidade na última noite. Pelo menos cinco pessoas morreram, apos terem morrido outras 36 durante o dia de ontem. O número de vítimas não para de crescer, num momento em que está em cima da mesa um plano de paz do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Netanyahu já aceitou e o Hamas está analisando o documento da proposta norte-americana.

Porém, uma fonte do Hamas disse ao canal saudita Al-Hadath que o grupo pediu esclarecimentos aos mediadores sobre várias cláusulas do plano dos EUA para pôr fim à guerra de Gaza, argumentando que também tem o direito de introduzir alterações ao plano, como fez Tel Aviv.

O Hamas distingue entre armas defensivas e ofensivas, referindo-se à cláusula do acordo que apela ao desarmamento do Hamas. Afirma que as armas defensivas são um direito do Hamas e que o grupo rejeita qualquer organismo internacional que administre a Faixa de Gaza, insistindo que devem ser os palestinos a gestão do enclave, mesmo que sejam apolíticos. De acordo com a fonte, o Hamas exige ainda um calendário claro e transparente para a retirada das forças israelenses de Gaza, assim como garantias para assegurar o fim da guerra.