Comissão Europeia propõe suspender parte do acordo comercial com Israel
A UE quer repor as tarifas aplicadas às importações de Israel
A Comissão Europeia vai propor nesta quarta-feira (17) a suspensão parcial do acordo de associação entre União Europeia e Israel em questões comerciais.
A UE quer repor as tarifas aplicadas às importações de Israel, suspendendo o acesso preferencial ao mercado comunitário, e também aplicar sanções a dois ministros extremistas israelenses, a colonos violentos na Cisjordânia assim como a membros do Hamas.
"Vamos apresentar diferentes propostas para o Conselho dos Estados-membros para aumentar a pressão sobre o governo israelense e forçá-lo a mudar de rumo porque o que está acontecendo é realmente insustentável. Espero que este elevado custo pare a ofensiva em Gaza", anunciou Kaja Kallas, Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.
Kallas apontou que a aprovação do plano da Comissão Europeia tem como grande obstáculo a Alemanha. A maior economia da UE permanece como um dos mais ferrenhos defensores de Israel, uma vez que seus líderes sentem uma dívida histórica com a nação judaica devido ao papel da Alemanha nazista como perpetradora do Holocausto.
A Alemanha já impediu os esforços europeus de pressionar Tel Aviv diplomaticamente a interromper seu ataque militar a Gaza, que reduziu praticamente o enclave a escombros e teve um enorme custo humano.
Mas, Kallas, disse que pressionaria Berlim a trazer alternativas se não concordasse com as medidas propostas. "Se a Alemanha tivesse concordado com algo há alguns anos ou concordasse agora, isso colocaria pressão sobre Israel e a situação na Faixa de Gaza e na Cisjordânia poderia não ser tão grave quanto é agora", explicou. Kallas e o Comissário de Comércio do bloco europeu, Maros Sefcovic, fornecerão ainda mais detalhes durante o decorrer do dia.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul, indicou que seu país mostrou bastante preocupação com os incidentes descritos no relatório apresentado pela Comissão independente das Nações Unidas que acusa Israel de estar cometendo um genocídio em Gaza. O governo da Alemanha apelou mais uma vez pelo cessar-fogo e considera o início da ofensiva terrestre israelense na Cidade de Gaza um erro.
A chefe da diplomacia também condenou a ofensiva terrestre israelense iniciada ontem na Cidade de Gaza, considerando que só irá trazer mais devastação. "Quero insistir que esta ofensiva terrestre, e fui bastante clara com o Governo israelense, vai na direção errada, só vai trazer mais devastação, mais destruição, mais mortes de civis inocentes, mas não temos ferramentas para realmente parar isto", enfatizou.
A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança lamentou que o bloco político-econômico europeu careça de meios para travar a ofensiva terrestre de Israel e insistiu que a União Europeia está ajudando os palestinos o mais que pode.
Israel, por sua vez, reagiu acusando a Comissão Europeia de avançar com propostas moral e politicamente distorcidas.
Enquanto isso, centenas de manifestantes tomam as ruas de Jerusalém e em Tel Aviv em protesto contra a ofensiva militar na Faixa de Gaza e pedem o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para fechar um acordo que possibilite a libertação dos 48 reféns que continuam no enclave.