Relatório de Comissão da ONU acusa Israel de genocídio e de eliminar reprodução populacional em Gaza
O documento cita como prova as inúmeras entrevistas e análises de imagens de satélite desde o início da guerra
O relatório divulgado hoje pela Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU (COI, na sigla em inglês) concluiu que Israel comete genocídio na Faixa de Gaza, com o objetivo de destruir os palestinos que vivem na região e que tentam ainda aniquilar de forma deliberada a capacidade reprodutiva palestina. O texto aponta o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu e outros funcionários de alto escalão por instigar o crime.
O documento cita como prova as inúmeras entrevistas com vítimas, testemunhas, médicos, funcionários humanitários das organizações internacionais que atuam na região e análises de imagens de satélite desde o início da guerra. Os investigadores asseguram que o governo de Israel cometeu genocídio em Gaza e continua a fazê-lo. Um dos especialistas independentes que escreveu o relatório da Comissão Internacional Independente das Nações Unidas, Chris Sidoti, revelou que as forças israelenses destruíram cerca de quatro mil embriões fertilizados de uma clínica em Gaza.
A comissão da Organização das Nações Unidas concluiu que Israel infringiu quatro dos cinco critérios da Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio: matar; causar danos físicos ou mentais graves; impor deliberadamente condições devida calculadas para provocar a destruição total ou parcial dos palestinos e impor medidas destinadas a impedir os nascimentos.
A COI foi liderada pela ex-secretária de Direitos Humanos da organização, a sul-africana Navi Pillay. A comissão foi criada pelo Conselho de Direitos Humanos, o principal órgão de direitos humanos da ONU, mas não fala pelas Nações Unidas. Além disso, a Comissão e o Conselho de Direitos Humanos não têm o poder de tomar medidas contra um país, mas estas conclusões podem ser usadas no Tribunal Penal Internacional (TPI) ou no Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), um órgão da ONU.
As conclusões da comissão são as mais recentes acusações de genocídio contra o governo de Israel. Uma vez que a Anistia Internacional já fez a acusação assim como a Associação Internacional de Estudiosos do Genocídio (IAGS, na sigla em inglês), principal associação mundial de acadêmicos especializados em genocídio e que reúne mais de 500 membros, aprovou uma resolução afirmando que foram cumpridos os critérios legais para determinar que Israel comete genocídio na Faixa de Gaza. “Esta é uma declaração definitiva de especialistas na área de estudos de genocídio de que o que está acontecendo em Gaza é genocídio”, afirmou Melanie O’Brien, presidente da IAGS.
Recentemente o Conselho de Segurança das Nações Unidas também se reuniu e a maioria dos membros, com exceção dos Estados Unidos, condenou uma crise feita pelo Homem na Faixa de Gaza e votaram todos a favor do comunicado que avisa que há mesmo fome no enclave palestino, além de criticarem o governo de Israel de usar isso como uma arma de guerra. A reunião se deveu após a publicação do relatório dos peritos da ONU terem declarado oficialmente fome na Cidade de Gaza, alertando que o mesmo ocorrerá em breve no resto do território.
Por outro lado, o embaixador de Israel na ONU, Daniel Meron, considerou o relatório escandaloso, falso e que foi escrito por representantes do Hamas. "Israel rejeita categoricamente o discurso difamatório publicado hoje por esta comissão de inquérito", afirmou.