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Catar acusa Israel de procurar o fracasso nas negociações de cessar-fogo

Acusação ocorreu durante cúpula convocada pelo Catar após as forças israelenses terem feito um ataque ao país

Por Isabel Alvarez

Cúpula de emergência árabe-islâmica de 2025, em Doha

Na cúpula de emergência de líderes árabes e islâmicos organizada pelo governo de Doha, que começou hoje, o emir do Catar, Sheikh Tamin bin Hamad Al Thani, declarou na abertura do evento que Israel está claramente a procurar o fracasso das negociações de cessar-fogo e libertação de reféns.

A cúpula foi convocada pelo Catar após as forças israelenses terem feito um ataque sem precedentes ao seu país a altos membros políticos do Hamas que estavam reunidos em Doha para tratativas das negociações de um acordo, uma vez o governo catari é um dos mediadores do conflito na Faixa de Gaza.
“Quem ataca uma parte mediadora está procurando o fracasso das negociações e, se a libertação dos reféns significar o fim da guerra, então não está interessado nisso. Israel ainda busca transformar Gaza num local impróprio para a habitação, visando forçar os residentes à emigrar”, enfatizou Tamin, que na véspera instou a comunidade internacional a parar de usar dois pesos e duas medidas e sancionar Israel por seus crimes.

Também o Conselho Supremo do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) afirmou que condena nos termos mais veementes o ataque israelense e a flagrante violação da soberania do Catar, acrescentando que irá ativar “mecanismos de defesa conjunta e capacidades dissuasoras do Golfo. “O Conselho Supremo reafirmou a total solidariedade dos Estados-membros do CCG com o Estado do Catar em todas as medidas que este adote para enfrentar este ataque, sublinhando que a segurança dos Estados do CCG é indivisível e que qualquer ataque contra um deles é considerado um ataque contra todos, conforme estipulado na Carta do CCG e no Acordo de Defesa Conjunta”, diz o comunicado emitido depois da sessão extraordinária realizada durante a conferência Árabe-Islâmica em Doha.

Já o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que se encontra em Jerusalém e se reuniu com o premiê do país israelense para conversar sobre a guerra, deve ir ao Catar na terça-feira, que é um aliado de Washington e que abriga a maior base militar norte-americana no Oriente Médio.

Por outro lado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse no discurso a uma delegação de 250 legisladores estaduais dos EUA no Ministério das Relações Exteriores, em Jerusalém, que não exclui a possibilidade de novos ataques contra os líderes do Hamas onde quer que se encontrem. “Todos os países têm o direito de se defender além das suas fronteiras", justificou.

Netanyahu também apontou que a China e o Catar estão liderando uma campanha para “cercar” Israel, prejudicando o apoio dos seus aliados. “Valorizamos e apreciamos o seu apoio. Mas, há um esforço para minar esse apoio”, defendeu diante da delegação, o maior grupo de legisladores de um único país que já visitou Israel.

No entanto, o presidente norte-americano, Donald Trump já pediu no domingo a Tel Aviv para ser cuidadoso com o Catar, que é um grande aliado dos Estados Unidos. "O Catar tem sido um grande aliado. Eles têm tido uma vida muito difícil porque estão no meio de todos, por isso têm de ser politicamente corretos nas suas atitudes, mas digo que têm sido um grande aliado dos Estados Unidos", reiterou Trump.