Israel intensifica preparativos para nova ofensiva em Gaza
Segundo a imprensa israelense, os reservistas de uma primeira série de 40 mil convocados estão se apresentando às suas unidades.
Israel intensificou nesta terça-feira (2) os preparativos militares ao reincorporar milhares de reservistas para uma nova ofensiva na Cidade de Gaza, após quase dois anos de guerra contra o movimento palestino Hamas.
O Exército israelense faz preparações logísticas "para operações de combate em larga escala e para a convocação em massa de reservistas", destaca um comunicado militar.
Segundo a imprensa israelense, os reservistas de uma primeira série de 40 mil convocados estão se apresentando às suas unidades.
"As tropas seguem uma série de treinamentos de combate, tanto em ambiente urbano como em terreno aberto, para aprimorar sua preparação para as próximas missões", acrescentou o Exército, que prossegue com os bombardeios aéreos contra a Faixa de Gaza.
Nesta terça, um grupo de reservistas fez um apelo em Tel Aviv aos colegas para que não respondam às convocações, já que "qualquer ato que legitime a continuação das hostilidades em detrimento de um acordo para os reféns é uma traição para eles e para o povo israelense", segundo Max Kresch, um desses reservistas.
De acordo com a Defesa Civil do território - organização de primeiros socorros que opera sob a autoridade do Hamas desde que o movimento islamista assumiu o poder em Gaza em 2007 -, 85 pessoas morreram nesta terça nos ataques aéreos israelenses.
Com as restrições impostas aos meios de comunicação em Gaza e devido às dificuldades de acesso ao território, a AFP não consegue verificar de forma independente os balanços nem as informações divulgadas pelas diferentes partes.
Mas imagens gravadas por uma jornalista da AFP em Tel el Hawa, bairro ao sul da Cidade de Gaza, mostram socorristas do Crescente Vermelho retirando o corpo de uma menina dos escombros.
"Acordamos com bombardeios e encontramos a maioria dos nossos vizinhos mortos ou feridos", afirmou Sanaa al Dreimli, moradora do bairro.
"Levar Israel a uma vitória esmagadora"
Apesar da pressão cada vez mais intensa, tanto do exterior como da população israelense, pelo fim da guerra que provocou um desastre humanitário na Faixa de Gaza, o governo israelense ordenou que o Exército inicie uma nova ofensiva sobre a Cidade de Gaza, com o objetivo declarado de aniquilar o Hamas e recuperar os reféns que permanecem em cativeiro.
Ao aprovar no final de agosto os planos militares para a conquista de Gaza, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, autorizou a convocação de quase 60 mil reservistas.
"Queridos soldados, tanto regulares quanto reservistas, ao longo desta guerra tomamos decisões muito difíceis (...), mas as realizamos porque vocês nos deram, a mim e ao país, a força para levar Israel a uma vitória esmagadora contra o Hamas", declarou nesta terça o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um vídeo.
O porta-voz do Exército israelense em árabe alertou nesta terça no X aos habitantes de Gaza sobre "a ampliação das operações de combate em direção à Cidade de Gaza".
O Exército afirmou em 27 de agosto que a evacuação da Cidade de Gaza era "inevitável" diante da ofensiva.
A ONU calcula que quase um milhão de pessoas vivem na cidade e suas imediações, onde foi declarado estado de fome.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel matou 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas, 47 permanecem em cativeiro em Gaza, mas 25 foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
Os familiares dos reféns imploraram nesta terça-feira ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que "chegasse a um acordo" para trazer de volta seus entes queridos, em uma coletiva de imprensa realizada em Tel Aviv.
A represália israelense matou pelo menos 63.633 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, sob a autoridade do Hamas. O ministério, cujos números são considerados confiáveis pela ONU, não especifica o número de combatentes mortos.