Trump e Putin se reúnem no Alasca para debater futuro da Ucrânia
Trump fez o convite por sugestão do próprio chefe de Estado russo, mas o presidente americano tem demonstrado uma postura defensiva e advertiu que a reunião pode terminar em questão de minutos se Putin não ceder
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo da Rússia, Vladimir Putin, se reúnem nesta sexta-feira (15) no Alasca em um encontro de cúpula que pode ser decisivo para o futuro da Ucrânia e deixa o mundo em suspense.
Trump fez o convite por sugestão do próprio chefe de Estado russo, mas o presidente americano tem demonstrado uma postura defensiva e advertiu que a reunião pode terminar em questão de minutos se Putin não ceder.
Os líderes europeus estarão atentos.
Para o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, é outro dia de grande tensão. Até o momento, ele rejeitou publicamente a pressão de Trump para ceder o território.
"Está na hora de acabar com a guerra, e os passos necessários devem ser tomados pela Rússia. Contamos com os Estados Unidos", escreveu Zelensky nas redes sociais nesta sexta-feira.
Trump se orgulha de seu perfil negociador, mas reduziu as expectativas e disse que será uma "reunião para sondar" o cenário. "Sou presidente, ele não vai brincar comigo", declarou na quinta-feira.
"Se for uma reunião ruim, terminará muito rapidamente, e se for uma boa reunião, vamos acabar alcançando a paz em um futuro bastante próximo", garantiu o presidente americano, que considerou que o encontro tem "25%" de chance de fracassar.
Ao chegar ao Alasca, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, se recusou a fazer previsões.
"Nunca fazemos previsões com antecedência", disse o diplomata, vestindo um moletom com a sigla "CCCP", o acrônimo russo para "URSS" (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
Trump prometeu conversar rapidamente com os líderes europeus e Zelensky após a reunião.
Segundo o americano, para alcançar um acordo final será necessário um encontro de cúpula a três partes, com Zelensky, e dividir o território.
Antes de viajar para o Alasca, Trump conversou por telefone com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado próximo de Putin que permitiu ao Exército russo usar seu território para atacar a Ucrânia.
- "Consequências" -
Trump expressou sua admiração por Putin há alguns anos. Um encontro com o presidente russo em 2018, durante seu primeiro mandato (2017-2021), rendeu muitas críticas porque, segundo opositores, ele se mostrou intimidado.
Antes de retornar à Casa Branca em janeiro, Trump se gabou de ter um bom relacionamento com Putin, culpou o antecessor democrata Joe Biden pela guerra na Ucrânia e prometeu anunciar a paz em 24 horas.
Contudo, apesar das ligações telefônicas para Putin e de uma discussão pública com Zelensky em fevereiro na Casa Branca, o chefe do Kremlin permanece inflexível.
Trump admitiu a frustração com Putin e advertiu sobre "consequências muito graves" se ele não aceitar um cessar-fogo.
O encontro está programado para 11h30 (16h30 de Brasília) na Base Aérea Elmendorf.
A escolha do Alasca não foi casual. Para chegar ao Alasca, Putin, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual os Estados Unidos não são membros, só precisa atravessar o estreito de Bering.
Além disso, o Alasca é um território com passado russo, já que foi vendido pela Rússia aos Estados Unidos no século XIX.
Moscou citou este acordo para demonstrar a legitimidade das trocas de territórios.
O Kremlin anunciou esperar que Putin e Trump se reúnam a sós com intérpretes, antes de um almoço de trabalho com seus assessores.
Em Anchorage, a maior cidade do Alasca, manifestantes espalharam cartazes de solidariedade com a Ucrânia.
- Vitória para Putin? -
A reunião de cúpula contrasta com a abordagem dos líderes europeus e de Biden, que prometeram não dialogar com a Rússia sobre o futuro da Ucrânia a menos que Kiev também participasse do encontro.
Zelensky declarou na terça-feira que a reunião no Alasca é uma "vitória pessoal" para Putin.
Daniel Fried, ex-diplomata americano que agora trabalha no Atlantic Council, um grupo de estudos, considera que Trump tem formas de pressionar Putin com novas sanções e o envio de armas à Ucrânia.
Mas Putin poderia tentar distraí-lo com uma nova proposta. Segundo Fried, "ele é um mestre no novo objeto chamativo que acaba sendo insignificante".