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Estudo revela que obesidade pode ser transmitida pelos genes e carga materna é mais determinante

O estudo foi publicado na revista Plos Genetics e indica que, apesar das crianças receberem metade do seu DNA de cada progenitor

Por Isabel Alvarez

Estudo revela que obesidade pode ser transmitida pelos genes e carga materna é mais determinante

Um novo estudo realizado pela University College London aponta que os genes das mães podem desempenhar uma função indireta na saúde dos seus filhos, mesmo quando não são transmitidos. O estudo foi publicado na revista Plos Genetics e indica que, apesar das crianças receberem metade do seu DNA de cada progenitor, é a genética da mãe que tem mais importância em relação ao índice de massa corporal (IMC).

As crianças cujos pais são obesos têm mais probabilidades de também o serem, porém os genes maternos demonstram ser particularmente relevantes na determinação do peso das crianças, segundo o novo estudo. "A genética da mãe parece desempenhar um papel importante na influência do peso do seu filho, para além da genética da criança", afirmou Liam Wright, autor principal do estudo e investigador da University College London.

Os especialistas consideram que a obesidade é causada por uma combinação de fatores hereditários e ambientais, sendo que os genes transmitidos de pais para filhos afetam o apetite, a sensação de saciedade, o metabolismo, os desejos de comer, a distribuição da gordura corporal e muito mais.

A equipe de Wright analisou dados genéticos e de saúde de mais de 2600 famílias britânicas com filhos nascidos entre 2001 e 2002, acompanhando-os desde o nascimento até aos 17 anos de idade. “O acesso aos genes das crianças e dos pais foi fundamental, que permitiu identificar os genes herdados pelas crianças, bem como os genes que os pais não transmitiram, mas que poderiam, ainda assim, influenciar a saúde dos filhos. Estes efeitos indiretos, designados por "educação genética", são importantes, pois ajudam a moldar a forma como as crianças crescem, desde as condições no útero até as práticas parentais”, diz o comunicado dos investigadores.

De acordo com o estudo, o IMC de ambos os pais é importante para o peso de uma criança, mas enquanto a influência do pai estava quase inteiramente relacionada com os genes por ele transmitidos, o impacto do IMC da mãe teve um alcance mais amplo.

Isto pode se dever ao fato dos genes da mãe influenciar o seu próprio peso, os seus hábitos alimentares ou as suas atividades durante a gravidez, exercendo, por sua vez, um papel no desenvolvimento e na saúde do seu filho. "Para além dos genes que as mães transmitem diretamente, os nossos resultados sugerem que a genética materna é essencial para moldar o ambiente em que a criança se desenvolve, influenciando assim indiretamente o IMC da criança. No entanto, Não se trata de culpar as mães, mas sim de apoiar as famílias para que façam uma diferença significativa na saúde das crianças a longo prazo", explicou Wright.

Outros estudos mostraram que os pais que tinham excesso de peso ou eram obesos no momento da concepção têm mais probabilidades de ter filhos com obesidade. Segundo também os autores do estudo, os esforços para ajudar os pais obesos a perder peso podem ter efeitos duradouros na saúde dos seus filhos. "Intervenções direcionadas para reduzir o IMC materno, particularmente durante a gravidez, podem reduzir os impactos intergeracionais da obesidade", acrescentou Wright.