Líderes europeus e Zelensky conversaram com Trump antes do encontro com Putin
Os governantes do Reino Unido, Finlândia, França, Itália e Polônia também vão tomar parte nos vários grupos de discussão, acrescentaram as autoridades alemãs.
O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, anunciou que os presidentes dos Estados Unidos e da Ucrânia, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e vários líderes europeus terão uma reunião virtual na próxima quarta-feira (13), dois dias antes do encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin.
“As negociações se concentrarão na situação atual na Ucrânia, tendo em vista a reunião planejada entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, na sexta-feira no Alasca, para a qual o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, não foi convidado. As negociações deverão se focar em outras opções de ação para pressionar a Rússia, assim como em preparações para possíveis negociações de paz e questões relacionadas a reivindicações territoriais e segurança", disse o governo alemão.
Os governantes do Reino Unido, Finlândia, França, Itália e Polônia também vão tomar parte nos vários grupos de discussão, acrescentaram as autoridades alemãs.
A Comissão Europeia também confirmou que a presidente, Ursula von der Leyen, participará na conferencia virtual organizada por Merz assim como o presidente do Conselho Europeu, António Costa. Além de Trump, é esperada ainda a participação do vice-presidente dos EUA, JD Vance.
Já esta iniciativa diplomática da Alemanha acontecerá em duas fases, com uma primeira videoconferência entre os líderes dos Estados europeus e da União Europeia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o secretário-geral da OTAN Mark Rutte. Na segunda videoconferência, os dirigentes comunicarão o resultado das suas consultas a Trump e Vance, com o objetivo de chegar a uma posição comum antes do encontro no Alasca.
Desde o comunicado da cúpula de Tump e Putin, os europeus têm multiplicado as trocas diplomáticas e se esforçado para formar uma frente comum. Para a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, qualquer acordo entre os EUA e a Rússia deve incluir a Ucrânia e a UE, porque se trata de uma questão de segurança para a Ucrânia e para toda a Europa. Kallas e os ministros das Relações Exteriores da UE se reuniram hoje de emergência para assumir uma posição conjunta.
Durante a cúpula no Alasca, deverá ser discutido um possível acordo que prevê trocas de territórios para pôr fim à guerra, segundo revelou Trump, que não deu mais detalhes.
No entanto, Kiev e os aliados europeus insistem que Trump e Putin não podem decidir sobre trocas de territórios, mas a maioria reconhece que é improvável que Moscou renuncie ao controle dos territórios ucranianos que já detém. “Não podemos aceitar, em hipótese alguma, que questões territoriais sejam discutidas ou mesmo decididas entre a Rússia e os Estados Unidos sem a participação de europeus e ucranianos. Presumo que o governo americano veja da mesma forma”, afirmou Merz
O chanceler ainda garantiu que Berlim trabalha com Washington para assegurar que Volodymyr Zelensky irá estar presente na reunião no Alasca. Entretanto, até o momento, a presença do presidente ucraniano não está prevista, apesar de ainda ser possível, de acordo Matthew Whitaker, embaixador norte-americano na OTAN.
“Os EUA estão atuando para programar um encontro entre Donald Trump, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. Um dos bloqueios mais importantes é que Putin disse que jamais se vai sentar com Zelensky, mas o presidente Trump conseguiu mudar isso", adiantou Vance durante uma entrevista à Fox News.
Os líderes europeus emitiram um comunicado conjunto no fim de semana a necessidade de Kiev estar presente nas negociações. O secretário-geral da OTAN enfatizou que a Ucrânia é um país soberano e decide sobre o seu futuro.
Mas, Vance apontou que será Trump a decidir. “Se ele considerar que convidar Zelensky é o melhor cenário, é o que fará. Nenhuma decisão foi ainda tomada”, admitiu.
O próprio presidente ucraniano já avisou que, sem a Ucrânia, o que resultar do encontro de sexta-feira será um “acordo morto”. Por sua vez, Zelensky também reiterou que renunciar a territórios ucranianos esta fora de questão. "A Rússia se recusa a interromper os massacres e, por isso, não deve receber qualquer recompensa ou benefício. E esta não é apenas uma posição moral, é racional", escreveu nas suas redes sociais.
Trump expressou estar chateado com esta recusa de Zelensky. Mas, avançou que irá ligar para Zelensky e os outros líderes europeus após a reunião no Alasca e que pretende promover um encontro entre os presidentes russo e ucraniano.
"O próximo encontro será com Zelensky e Putin ou Zelensky, Putin e eu. Estarei lá se precisarem de mim", indicou.