Beto Lago: 'Os riscos e desafios de Marcelo Paz no Corinthians'
Paz é reconhecido por limpar as finanças do Fortaleza e estruturar o departamento de futebol
Riscos e desafios
A saída de Marcelo Paz causou um grande impacto no cenário esportivo, especialmente por ele ser o principal símbolo da modernização do Fortaleza. Ele deixa o cargo de CEO da SAF do Leão do Pici para assumir a função de Executivo de Futebol do Corinthians. O susto não foi apenas pela importância de Paz, mas pelo momento e pelo contexto. Ele estava na diretoria do Fortaleza há 11 anos (desde 2015). Sob sua liderança, o clube saiu da Série C para disputar final de Sul-Americana e jogar a Libertadores. Porém, o Fortaleza sofreu um rebaixamento inesperado para a Série B em 2025 e o próprio Paz admitiu em sua carta de despedida que o ciclo chegou ao fim e que o esforço para lidar com questões internas estava se tornando exaustivo. Lembro que já havia recusado convites do próprio Corinthians no passado, o que fazia muitos acreditarem que ele seria um dirigente de um clube só. Vamos aos prós e contras. Paz é reconhecido por "limpar" as finanças do Fortaleza e estruturar o departamento de futebol com processos modernos. O Corinthians busca exatamente essa organização para sanar suas crises administrativas. Com o papel de "Gestor do CT", ficará focado em orçamento, integração com a base e planejamento de longo prazo, e não apenas em contratações pontuais. Terá um orçamento significativamente maior e o peso de uma das maiores torcidas do mundo para negociar atletas e patrocínios. Porém, existem riscos e desafios.
Gestor de processos
O ambiente político do time paulista é turbulento, sob pressão constante de conselheiros, torcida e oposição. No Fortaleza, Paz tinha autonomia e estabilidade, algo raro no Parque São Jorge. Diferente do projeto de longo prazo que construiu no clube cearense, no Corinthians a cobrança por títulos e desempenho é imediata. Qualquer sequência negativa pode fritar o executivo rapidamente. Paz é conhecido por ser um "gestor de processos", mas terá tempo e habilidade para aplicar esses processos em um clube que lida com dívidas urgentes e crises externas que fogem ao controle do futebol? Só o tempo dirá.
Impacto no futebol nordestino
Olhando para o futebol nordestino, claro que sua saída acaba sendo uma perda. Marcelo Paz era a voz do bloco de clubes da região na Libra e na defesa de uma gestão sustentável. O Fortaleza agora enfrenta o desafio de se reconstruir na Série B sem o seu "arquiteto" principal, sob o comando de Fabiano Barreira (Presidente do Conselho da SAF).
As saídas no Sport
Alguns torcedores têm estranhado determinadas saídas no Sport, como aconteceu com a base, mas é preciso deixar algo muito claro: há uma nova gestão no comando. E quem chega precisa, inevitavelmente, colocar seu projeto em prática, cercando-se de pessoas em quem confia e que estejam alinhadas com a ideia de trabalho proposta. Isso não é garantia de acerto, tampouco sinônimo de erro. O sucesso ou o fracasso não se mede na troca de nomes, mas na capacidade desses novos profissionais de entregar resultado. O tempo, como sempre no futebol, será o juiz. Até lá, cabe cobrar trabalho, planejamento e coerência.