Beto Lago: 'Novo fair play financeiro promete cumprimento e punição'
O novo fair play financeiro da CBF será válido a partir de janeiro de 2026
Por mais seriedade
O fair play financeiro da CBF — rebatizado de Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF) — chega com a promessa de apertar o cerco sobre clubes que historicamente tratam suas contas como ficção. No papel, o sistema é mais rígido, inspirado em modelos da Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França. Na prática, será um teste de credibilidade para uma entidade que sempre viveu entre regras bonitas e fiscalizações tímidas. A escadinha de punições é clara. Na primeira violação, o clube entra em monitoramento e precisa seguir um plano de ação. Na segunda, uma advertência pública. A partir da terceira infração, o discurso acaba e entra o que realmente dói: multas, retenção de receitas, transfer ban, perda de pontos, rebaixamento e até cassação da licença para jogar. É o tipo de punição que muda comportamento, se for aplicada. O SSF se sustenta em quatro pilares: dívidas em atraso; equilíbrio operacional; custo do elenco; e endividamento de curto prazo. O pilar das dívidas impede que clubes continuem dando calote para todo lado. Já o equilíbrio operacional quer acabar com a cultura de fechar no vermelho ano após ano. Sobre o elenco, o limite é claro: o gasto com futebol precisa ser menor que 70% das receitas. E o controle da dívida de curto prazo passa a considerar tudo que vence em 12 meses, também proporcional à capacidade de arrecadação. No desenho, o sistema acerta: cria incentivos reais para gestão responsável. Prejuízo, folha inflada e dívida impagável deixam de ser “jeitinhos” e viram violações objetivas. O problema, como sempre, está no campo onde o Brasil mais tropeça: cumprimento e punição.
Documento de gaveta
Se o SSF for para valer, muita gente grande terá de rever prioridades imediatamente. Se virar mais uma regra “para inglês ver”, o futebol brasileiro seguirá premiando a irresponsabilidade e castigando quem tenta fazer o certo. Os dirigentes vão precisar trabalhar muito para provar que este fair play não é só mais um belo documento esquecido na gaveta da CBF.
Primeiro encontro, nenhuma definição
A aguardada primeira reunião entre os ex-presidentes do Sport e Severino Otávio (Branquinho) terminou sem qualquer definição sobre assumir o clube. O encontro reuniu lideranças que assinaram o manifesto, além do presidente Yuri Romão, e serviu, sobretudo, como um grande relatório de danos: Branquinho ouviu detalhadamente a situação financeira do clube e recebeu de Yuri um raio-x do elenco e ideias do planejamento para 2026. Apesar da carga de informações, Branquinho preferiu não assumir posição.
Se for para unir, ele aceita o pedido
Agradeceu, ouviu, e deixou claro que só decidirá depois de conversar com todas as correntes, inclusive lideranças que hoje estão fora da gestão. Ontem mesmo iniciou essa rodada de escutas, tendo Luciano Bivar como um dos primeiros interlocutores. A preocupação central de Branquinho é simples e direta: evitar que o Sport mergulhe ainda mais em disputas internas. Se o nome dele representar consenso — e se for realmente capaz de pacificar o clube — cresce a tendência de que aceite o pedido para comandar o Leão.